Os pobres serão os protagonistas, no Vaticano, no próximo fim de semana, no contexto do Jubileu das pessoas socialmente excluídas.
Na próxima sexta-feira (11/11), eles se encontrarão com o Papa Francisco na Sala Paulo VI. No dia seguinte, sábado (12/11), participarão da audiência jubilar na Praça São Pedro, e no domingo (13/11), da missa do Jubileu das pessoas socialmente excluídas presidida pelo Papa Francisco, na Basílica de São Pedro.
Os excluídos são o fruto da “cultura do descarte” que o Papa Francisco denuncia desde o início de seu pontificado. São os desfavorecidos, os sem-teto, os pobres, privados de tudo, começando de sua dignidade. Francisco os acolherá no Jubileu a eles dedicado que pretende ser uma mensagem direta a todos que olham para as pessoas excluídas com repugnância e desconfiança.
Em vista desse jubileu, realizou-se nesta terça-feira (08/11), a coletiva na Sala de Imprensa da Santa Sé que contou com a presença do porta-voz da Associação francesa “Irmão”, François Le Forestier, e do representante da Comunidade de Santo Egídio, Carlo Santoro.
Entrevistado pela nossa emissora eis o que disse Santoro a propósito do Jubileu das pessoas socialmente excluídas.
Santoro: “São as pessoas que encontramos aqui em Roma todas as noites, há vários anos. Aquelas que o Papa chama de ‘os descartados’. Muitas vezes a tentativa é a de evitar vê-los, enquanto a nossa tarefa é a de fazer esta cidade mudar de mentalidade. Desejamos também que, a partir de agora, com este Ano da Misericórdia, visto que o inverno e o frio se aproximam, sejam abertos dormitórios e lugares de acolhimento da parte de instituições e também de entidades e associações.”
Quantas serão as pessoas presentes no Jubileu com o Papa Francisco?
Santoro: “Esperamos algumas centenas aqui em Roma. O problema é que nem sempre é fácil alcançar os romanos. Mas, digo que a resposta que vi até agora foi positiva. Há uma grande expectativa em relação ao Papa. Os excluídos sabem que o Papa é um grande amigo e que fez muitas coisas por eles. Este é o comportamento ao qual todos somos chamados: olhar as pessoas nos olhos, dar-lhes a mão, pois muitas vezes em nós prevalece o individualismo e a nossa pouca vontade de encontrar pessoas tão diferentes de nós. Na realidade, tornando-se amigo dos pobres se descobre quanto eles sejam parecidos conosco e quanto cada um de nós poderia se tornar pobre numa sociedade tão absurda em que se você não for mais produtivo é deixado de lado. Como diz o Papa, quantas vezes aconteceu que um idoso morreu de frio na rua e ninguém percebeu. Morreu no anonimato, sem funeral. Isso não faz notícia. Neste mundo deve ser recuperado este sentido forte que pode ser salvo somente pela Misericórdia que este ano nos foi inculcada e inspirada em relação aos ‘descartados’, como diria o Papa. Acredito que o discurso sobre o descarte deve ser ainda muito, muito compreendido.”
Como Comunidade de Santo Egídio vocês viram uma mudança na percepção dos outros em relação a estas pessoas, graças à mensagem do Papa Francisco?
Santoro: “Absolutamente sim. Nesses dois, três anos que o Papa não perdeu a ocasião de falar dos pobres, deste amor pelos pobres que salva todos nós, vimos sempre mais o nascimento de grupos espontâneos, assim como de pessoas individuais, que iniciam a falar, a ajudar, a se fazer próximo das pessoas que vivem nas ruas. Este é um fenômeno em crescimento. Espero que esta onda boa que veio do Papa continue. Este seu amor, o colocar os pobres no centro da Igreja. Acredito que a ideia do Papa seja que cada um de nós pode fazer alguma coisa pelos pobres, mesmo se for pouco. Acredito que a Igreja e todos nós que fazemos parte dela somos chamados a ajudar os pobres que encontramos pelas ruas. Ninguém pode ficar de fora, cada um deve assumir sua própria responsabilidade.”
Eles têm algum pedido para fazer ao Papa?
Santoro: “O Papa nos ensina sempre que todo ser humano não tem problema somente material. Muitas vezes nos esquecemos que fazem parte da Igreja e que possuem também necessidades espiritais. Acredito que em relação ao Papa a expectativa seja de caráter espiritual. Penso que o Papa sabe tocar os corações dos pobres quando diz: “Vocês são importantes para nós Igreja”. Temos ainda de compreender muito o que significa ser pobre.”
Fonte: Rádio Vaticano