«Diante da violência furiosa, devemos dar ao mundo uma mensagem de união», frisa líder da comunidade franciscana
O responsável pela comunidade franciscana de Assis, em Itália, quer reunir novamente os lideres religiosos de todo o mundo para um encontro de reflexão e oração pela paz, entre 18 e 20 de setembro.
Num comunicado publicado hoje pela Rádio Vaticano, frei Mauro Gambetti realça que diante do atual quadro de conflito que ensombra o mundo “não se pode responder com o silêncio”.
“A terceira guerra mundial já está em marcha e a Europa, ferida e desafiada consecutivamente no seu coração, não pode mais permanecer de parte ou como mera observadora do que acontece no Médio Oriente, em África e em outros países aparentemente distantes. Não pode sequer limitar-se a atualizar programas e convenções de acolhimento a refugiados”, frisa o franciscano.
Para o frei Mauro Gambetti, chegou a hora de “governos e cidadãos tomarem uma posição: enconderem-se como ratos ou darem a cara”.
O encontro pela paz em Assis vai acontecer 30 anos depois do primeiro evento do género, promovido pelo Papa João Paulo II por ocasião da Guerra Fria e do conflito entre os Estados Unidos da América e da então União Soviética.
Em 1993, numa época dominada pelo “conflito na Bósnia e Herzegovina”, e em 2002, o Papa polaco convocou de novo os líderes religiosos a trilharem “o caminho da reconciliação”.
“Violência nunca mais! Guerra nunca mais! Terrorismo nunca mais! Em nome de Deus, cada religião leve ao mundo a justiça, a paz, o perdão, a vida, o amor!”, exortou na altura João Paulo II.
Estes encontros seriam repetidos em 2006 e mais recentemente em 2011, sob a vigência do Papa Bento XVI.
O encontro em setembro vai incluir “dois dias de painéis de discussão e uma jornada de oração”, sendo que a comunidade franciscana de Assis, a Comunidade de Santo Egídio e a diocese local esperam que o evento marque também “o regresso do Papa Francisco à região”, depois de lá ter estado recentemente, em janeiro deste ano.
“Uma oração conjunta e uma palavra unânime, fruto de uma reflexão partilhada, é a resposta que queremos suscitar”, salienta o frei Mauro Gambetti, acrescentando que além dos líderes religiosos, estão também convidados “políticos, representantes da ciência e da cultura, agentes de paz e todos os homens de boa vontade”.
“Juntos veremos quais são os princípios reconhecidos por todas as religiões para a paz. Qual o contributo que a política, a ciência e a cultura em geral podem propor para um futuro marcado por uma sã convivência humana”, aponta o religioso.
O líder da comunidade franciscana de Assis sustenta que “diante da violência furiosa, as religiões devem dar ao mundo uma mensagem convergente” e que “a política deve fazer o esforço de traçar uma rota rumo à justiça e à paz entre os povos, combinando cada projeto com a sustentabilidade ambiental”.
Que deste encontro, conclui o frei Mauro Gambetti, possam sair “diretrizes” para uma cada vez maior “integração de culturas”, tendo sempre em mente o “sonho” de levar este empenho e este “modelo” a todo o mundo, à União Europeia e às Nações Unidas.
Fonte: Agência Ecclesia