E “Padres para a nova evangelização” é o título do quarto livro do Cardeal Dom Cláudio Hummes, Arcebispo emérito da Arquidiocese de São Paulo e Prefeito emérito da Congregação para o Clero do Vaticano. O livro, como o próprio nome diz, é dirigido aos sacerdotes, e expõe o carinho que o cardeal dedica aos padres.
Sobre a escolha do tema, Dom Cláudio apontou duas motivações: primeiro, os padres, pelo fato de eles serem os principais agentes, aqueles de quem mais depende a nova evangelização. “É claro, o Papa e os bispos são muito importantes como dirigentes da Igreja, em termos de pastoreio – o Papa como pastor universal e os bispos como pastores de suas dioceses – mas, na medida em que a evangelização deve acontecer, sobretudo a nova evangelização, os padres têm um papel fundamental, porque eles estão nas paróquias, no dia a dia, e é ali que deve acontecer a nova evangelização.
De acordo com Dom Cláudio, na medida em que a nova evangelização quer ser uma nova evangelização, os padres deverão se mover mais para que esta aconteça. Isso porque, segundo ele, para um mundo como o de hoje é necessário ter convicções próprias muito profundas na sua fé.
Para o cardeal, é nesse sentido que se pensa numa paróquia mais missionária, mais evangelizadora, que se move, que sai em busca, que vai visitar, que esteja próxima. “Como o Papa Francisco está fazendo agora, estando mais próximo das pessoas, e insistindo muito nisso, sobretudo no mundo de hoje”, disse Dom Cláudio. ‘Estar junto das pessoas, ir às pessoas, falar com as pessoas, olhar as pessoas nos olhos, tocar nas pessoas’, diz, recordando Francisco. Para o cardeal, tudo isso é na paróquia que tem de acontecer e é o padre que faz, e ele deverá convocar também a paróquia para fazer o mesmo.
A segunda questão apontada por Dom Cláudio é: por que a nova evangelização? E ele responde: “Porque esse é o momento em que a Igreja mais está insistindo nesta nova evangelização. O papa João Paulo II já tinha insistido, quando falava na necessidade de uma evangelização comum, novo ardor missionário, novos métodos, novas expressões.
Num dos documentos da passagem do século, disse o cardeal Hummes, [Carta Apostólica Tertio millennio adveniente], João Paulo escreveu: ‘Há tantos anos eu estou dizendo isso e volto a dizer, é necessário, é absolutamente necessário que os pastores se movam e comecem, realmente, essa nova evangelização’. “E Bento 16 continuou dentro dessa linha. E o papa Francisco está aí plenamente dentro desse tema, porque ele, sobretudo em Aparecida, na 5ª Conferência Latino-americana, participou como arcebispo de Buenos Aires, e esta 5ª Conferência foi a que mais falou de discípulos e missionários e, portanto, sobre essa questão da nova evangelização em todos os lugares, mas, sobretudo, nas paróquias”.
Com 137 páginas e oito capítulos, o livro, especialmente nas últimas folhas, dá pistas sobre como fazer com que a nova evangelização aconteça. “Tento dizer de forma simples essa questão do sair, de organizar a paróquia. Outro aspecto em que insisto é que a missão nunca pode ser terminada, fazer a missão e depois fazer o seu encerramento. A missão pode ter pontos altos, mas nunca pode ser encerrada, porque existem missões nas paróquias que duram uma semana, talvez um mês, depois só daqui a cinco, dez anos se faz uma nova missão. É lindo isso, mas nós não continuamos; se só voltamos a visitar essas pessoas daqui a cinco anos, elas vão dizer: ‘eles não nos amam muito, pois só nos vêm visitar de cinco em cinco anos’. O visitar, o estar junto do povo, tem de fazer parte da dinâmica do dia a dia. O povo, tem de sentir que a Igreja se move junto, que está misturada com ele”, completou Dom Cláudio.
Precisamos cada vez mais da proximidade e da integração dos padres com os fiéis e leigos. Esta sinergia é fundamental. Não basta dizer que ama. A Igreja deve demonstrar com gestos e atitudes este amor.