Apresentando a centenas de jornalistas, na Sala do Sínodo, no Vaticano, a Encíclica do Papa Francisco, Laudato si, o Cardeal Peter Turkson, Presidente do Pontifício Conselho da Justiça e da Paz, esclareceu que o documento foi escrito com a colaboração de diversas Conferências Episcopais do mundo, com a participação de cientistas e especialistas em vários campos da atividade humana. E referiu-se especialmente à íntima relação entre os pobres e a fragilidade de nosso planeta, à convicção de que tudo no mundo está intimamente relacionado, à crítica ao novo paradigma e às formas de poder que derivam da tecnologia; ao valor próprio de toda criatura; ao sentido humano da ecologia; à grave responsabilidade da política internacional e local; à cultura do descarte, à proposta de um novo estilo de vida e ao convite para buscarmos outros modos de compreender a economia e o progresso.
“O objetivo da Encíclica não é apenas intervir no debate científico, isso é de competência dos cientistas, e menos ainda estabelecer de que forma as mudanças climáticas são consequência da ação humana. Na perspectiva da Laudato si, e da Igreja, é suficiente que a atividade humana seja um dos fatores que causam as mudanças climáticas para sentirmos a responsabilidade moral de fazer tudo o que podemos para reduzir o nosso impacto e evitar os efeitos negativos sobre o meio ambiente”.
“O Papa reconhece que estão se difundindo no mundo uma maior sensibilidade em relação ao meio ambiente e a preocupação pelos efeitos que ele está sofrendo, mas mantém uma esperança confiante na possibilidade de mudar o rumo”, garantiu o Cardeal Peter Turkson.
“Hoje a terra, nossa irmã, maltratada e saqueada, se lamenta e seus gemidos se unem aos de todos os pobres e descartados do mundo”, prosseguiu.
O Cardeal ganês leu aos jornalistas um trecho da Encíclica, o do n. 139:
Quando falamos de « meio ambiente », fazemos referência também a uma particular relação: a relação entre a natureza e a sociedade que a habita. Isto impede-nos de considerar a natureza como algo separado de nós ou como uma mera moldura da nossa vida. Estamos incluídos nela, somos parte dela e compenetramo-nos. As razões, pelas quais um lugar se contamina, exigem uma análise do funcionamento da sociedade, da sua economia, do seu comportamento, das suas maneiras de entender a realidade. Dada a amplitude das mudanças, já não é possível encontrar uma resposta específica e independente para cada parte do problema. É fundamental buscar soluções integrais que considerem as interações dos sistemas naturais entre si e com os sistemas sociais. Não há duas crises separadas: uma ambiental e outra social; mas uma única e complexa crise socioambiental. As diretrizes para a solução requerem uma abordagem integral para combater a pobreza, devolver a dignidade aos excluídos e, simultaneamente, cuidar da natureza.
Fonte: Rádio Vaticano