Depois da “Pequena Súplica” feita a Nossa Senhora do Rosário, no Santuário de Pompeia, Francisco se deslocou, de helicóptero, para Scampia, na periferia de Nápoles, onde, na Praça João Paulo II, manteve um encontro com a população local e com diversas categorias sociais. Em seu caloroso discurso, o Papa tratou de temas cruciais, como a migração, o trabalho e a corrupção. Sobre a corrupção, ele foi categórico:
“A corrupção fede. Uma sociedade corrupta fede. Um cristão que deixa a corrupção entrar dentro de si, não é cristão, mas fede. Entenderam?”
E o Papa acrescentou: “Vocês pertencem a um povo de uma longa história, composta de acontecimentos complexos e dramáticos. A vida em Nápoles nunca foi fácil, mas também nunca triste! Eis o seu grande recurso, que produz uma cultura de vida, e a esperança é o seu grande patrimônio!”
Quem escolhe, voluntariamente, o caminho do mal, rouba uma parte da esperança de tanta gente honesta e trabalhadora, da boa fama da cidade e da sua economia. Neste sentido, dirigiu-se à pessoa, que falou em nome dos imigrados e dos sem-teto, pedindo-me uma palavra de esperança. Esta palavra existe, afirmou o Papa, mas não está escrita só em livros, mas na carne, no coração e tem um rosto, um nome: Jesus.
Depois, recordou as palavras de um operário, que abordou um tema tão maltratado em nossos tempos: a falta de trabalho, sobretudo para os jovens. Este é um sinal da grave disfunção no sistema, que precisa de mudanças concretas.
O trabalho, que falta para os jovens, especialmente em um bairro como este, mas também como em tantas outras partes, frisou o Pontífice, é um grito forte e agudo. Com a falta de trabalho falta a dignidade e a pessoa acaba cedendo a todo tipo de exploração:
“Procurou-se criar ruma ‘terra de ninguém’, da qual desenraizar todo tipo de valor. Um território em mãos da camada micro violência. Sinto, de modo vivo, este drama e penso, em particular, às crianças. Dirijo-me a cada uma delas, dizendo que o Papa as ama e as abraça; a Igreja as ama e Nápoles conta com cada uma delas”.
Aqui, o Papa recordou um lema de São João Bosco: ”Bons cristãos e cidadãos honestos”, quando se referia ao percurso da esperança, que é aquele da educação: uma educação que se edifica com o amor e a caridade. A obra educativa é um caminho justo porque é preventivo. Este sempre foi o método de todos os Santos, que trabalham com a juventude. No caminho do desafio educativo pode-se agir e colaborar juntos: famílias, escolas, paróquias e outras realidades. E explicando o objetivo da sua visita àquela região, Francisco disse:
“Queridos amigos. A minha presença aqui em Scampia representa um impulso a um caminho de esperança, de renascimento e de saneamento, já existente. Por isso, encorajo a Igreja, as comunidades, as instituições e os voluntários a prosseguirem na sua ajuda e apoio nos momentos de crise e de dificuldades extremas. A boa política é uma das expressões mais altas da caridade, do serviço e do amor”.
Ao término do seu pronunciamento, o Papa recordou a grande religiosidade dos napolitanos, atestada pela multidão de tantos Santos naquele território, como São Januário, tão venerado naquelas terras. Trata-se de uma religiosidade que deve ser redescoberta, purificada, reacendida com o fogo do Evangelho, a única força que pode realmente mudar a sociedade e dar nova esperança!
Fonte: Rádio Vaticano