Quase metade de toda a população migrante, 49%, é atualmente constituída por mulheres, as quais contribuem de modo notável para o desenvolvimento humano dos seus familiares e para o econômico dos países de proveniência, mas nem sempre este fato é acompanhado por um processo de emancipação feminina. Partindo desta consideração teve início a mesa redonda no segundo dia de trabalhos do congresso mundial da pastoral das migrações, no dia 19, que se realiza na Universidade Urbaniana.
Convidadas pelo Pontifício conselho para a pastoral dos migrantes e itinerantes, duas religiosas deram o próprio testemunho – irmã Patricia Ebegbulem, coordenadora da rede africana contra o tráfico de seres humanos, e a escalabriniana Rosita Milesi, que dirige o instituto de migração e direitos humanos no Brasil – e a directora do departamento de advocacy and policy de Caritas internationalis, Martina Liebsch.
As três relatoras evocaram os fundamentos teológicos e pastorais da solicitude da Igreja para com as mulheres migrantes, exortando a compreender melhor a sua situação e o seu papel na sociedade. Concordaram sobre o fato de que enquanto no passado, os seus deslocamentos estavam ligados à reunificação familiar, hoje as mulheres são protagonistas de uma feminilização das migrações, que inclui aspectos negativos e positivos. Por um lado, de facto elas são vítimas de violações, exploração e injustiças, mas por outro tornam-se cada vez mais agentes fundamentais no complexo processo de integração na sociedade de chegada, desempenhando tarefas de mediação cultural em família e no espaço público. Elas partem – disse a irmã Rosita Milesi – por várias motivações: «porque são vendidas como escravas ou fogem de desastres naturais ou violências, ou porque procuram recursos para o sustento dos familiares ou para uma autonomia maior. Comprometidas no âmbito produtivo, do trabalho externo, raramente elas abandonam a responsabilidade pelo âmbito reprodutivo. Além disso, assumem o compromisso pelo bem-estar também de quantos estão sob os seus cuidados, sobretudo quando realizam trabalhos domésticos, de enfermeiras ou de assistência às crianças».
Fonte: News.va