Em 2018 o Santuário Nacional celebra os 40 anos do restauro da imagem de Aparecida, após ter sido quebrada em mais de 200 pedaços.
Segundo o reitor do Santuário, padre João Batista de Almeida essa é uma data que precisa ser celebrada pois é como se a imagem tivesse sido reencontrada.
“No próximo ano nós temos os 40 anos da restauração da imagem de Nossa Senhora Aparecida, 1978-2018, então também é algo que precisa ser celebrado. Nossa Senhora renasceu das águas praticamente, ela foi reencontrada a partir de uma realidade difícil, ela foi dada novamente ao povo brasileiro”, ressaltou o reitor.
A quebra do maior símbolo nacional da fé
A Imagem original de Nossa Senhora Aparecida sofreu um atentado em 16 de maio de 1978, sendo quebrada em mais de duzentos pedaços. Na ocasião, a Imagem foi levada ao Museu de Arte de São Paulo (MASP), onde o fundador, professor Pietro Maria Bardi, a encaminhou à artista plástica e chefe do Departamento de Restauração, Maria Helena Chartuni.
Maria Helena mergulhou em um intenso trabalho de reconstituição. A Imagem foi restaurada e levada de volta ao Santuário Nacional de Aparecida, em um carro aberto do Corpo de Bombeiros, no dia 19 de agosto do mesmo ano, causando comoção nacional. Uma multidão esperava pela Imagem em Aparecida, lotando o entorno do Santuário Nacional e da Rodovia Presidente Dutra.
A restauradora Maria Helena fala com carinho do trabalho que considera um divisor de águas em sua vida.
“Para mim, existe o antes e o depois do restauro da Imagem. Sinto-me muito abençoada porque nenhum trabalho me deu tanta satisfação quanto aquele. Passados 39 anos, ainda percebo o retorno da esperança que a Imagem proporcionou a mim e toda a população”, revela.
Maria Helena agradece a Deus a graça de ter reconstruído o símbolo da devoção Mariana, mas explica que não foi fácil: “Fiquei muito assustada no início. A Imagem estava despedaçada, principalmente a parte da cabeça. Além das dificuldades técnicas, estava lidando com uma peça de arte produzida em terracota (barro cozido)”, lembra.
Em todas as entrevistas que dá aos jornalistas, Maria Helena conta que teve sua fé restaurada ao longo daqueles 33 dias de árduo trabalho, tornando-se devota. Na edição de maio de 2011 da Revista de Aparecida, um dos trechos revela esse momento de transição:
“Foi a partir daí que me dei conta de que algo tinha acontecido com a minha fé que até então estava “congelada”, apesar de eu ter sido criada numa família católica. O trabalho de restauro da imagem de Nossa Senhora mudou a minha vida, minha fé. Ela é a mensageira de Deus, aceitou sua missão com humildade, pureza e obediência. Ela deve ser nosso exemplo de mulher de Deus e por isso devemos amá-la e respeita-la sempre”.
Ao portal A12, Maria Helena explicou que os sentimentos de amor, carinho e emoção são os mesmos de 39 anos atrás: “Nossa Senhora representa muito para mim. As pessoas sempre me perguntam como me sinto por ter feito aquele trabalho. Respondo que tenho consciência do que fiz, mas procuro não me envaidecer. Isso vai muito além da compreensão, porque Deus achou por bem que eu desse às pessoas a satisfação de ver reconstruída a Imagem da Padroeira do Brasil”, concluiu a restauradora.
Em 2012, a Imagem de Nossa Senhora Aparecida foi tombada pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado), de São Paulo. Ela continua exposta no nicho do Santuário Nacional de Aparecida, sendo sido visitada por mais de 12 milhões de devotos anualmente.
Fonte: A12.