Toda criatura humana, pressionada pelo sofrimento, procura, espontaneamente um alívio, um remédio na doença, a cura. Essa reação natural não exime do dever de avaliar, à luz da fé, a natureza dos recursos empregados. Igualmente alguém diante do martírio não pode, para salvar a sua vida, abjurar sua crença. Isso porque os valores que servem de base ao nosso julgamento são transcendentais à existência atual, que é transitória. Para nós, o bem supremo é outro e a Ele se deve submeter tudo mais.
Buscamos – e temos o direito de fazê-lo – tudo que for válido, moralmente bom ou indiferente, para a preservação de nossa saúde. Entretanto, temos o dever de não privar um irmão do bem espiritual por conta de um risco secundário que possa suceder.
Em caso de enfermidades, recorremos a todos os meios eficazes e não contrários a nossos princípios. Assim o fazemos normalmente, levados pelo instinto de conservação.
Dentro dessas considerações, não se compreende a relutância em apelar para a unção dos enfermos, deixando-a, talvez, para os últimos momentos. Diante dos que sofrem, brotam no coração do homem sentimentos de compaixão, impulsos para ajudá-lo. Da parte da Igreja, há recomendações especiais feitas aos pastores.
O sofrimento é a identificação com a fecundidade que promana do sacrifício da cruz. Completa em nós o que falta à paixão de Jesus, na expressão de São Paulo, na Carta aos colossenses (1,24): “Agora eu me regozijo nos meus sofrimentos por vós, e completo, na minha carne, o que faltar das tribulações de Cristo pelo seu corpo, que é a Igreja”. Além dessa perspectiva, mantém-se a luta contra a dor e, ao mesmo tempo, compreende-se sua função de alerta para as causas, pois é efeito de algo que não caminha bem. Ela se enriquece sobrenaturalmente pela maior união a Cristo padecente. Quando indica a aproximação da morte, torna-se um vestíbulo de onde nos preparamos para sermos recebidos pelo Pai. Na visão cristã, a existência não nos é tirada, mas transformada na verdadeira vida.
O Senhor nos acompanha com a sua graça em todos os dias de nosso peregrinar. Os sacramentos são sinal dessa benevolência para conosco. Ao nascer, o batismo; ao crescer, a confirmação, e quando doentes, precisamos da ajuda material e espiritual, o bálsamo da santa unção.
Quanto a este último, que era chamado de extrema unção, foi identificado, na mentalidade de muitos, como sinônimo da morte inevitável ou iminente. O Concílio Vaticano II, na constituição Sacrossantum Concilium (nº 73) propõe nova perspectiva. Afirma que “também e melhor pode ser chamada unção dos enfermos”. E logo adiante: “o tempo oportuno para receber a unção dos enfermos é certamente o momento em que o fiel começa a correr perigo de morte por motivo de doença ou de idade avançada”. Infelizmente, esse instrumento da bondade divina ainda se relaciona com a proximidade do falecimento, na concepção de muitos cristãos. Esquecem-se que até a idade avançada já é credora da administração desse sacramento.
Outro lado, talvez desconhecido para os menos versados nesse assunto, é o seu caráter nitidamente medicinal. Muitos o julgam como uma preparação ao chamado de Deus, uma ante-sala da casa do Pai. Certamente o é. Há, todavia, outro objetivo. Diz o Concílio na Constituição Lumen gentium (nº 11): “Pela sagrada unção dos enfermos e pelas orações dos presbíteros, a Igreja toda entrega os doentes aos cuidados do Senhor sofredor e glorificado para que os alivie e salve”.
A justa e intensa busca dos meios humanos para curar faz esquecer essa oportunidade que o Senhor nos oferece. Nesse momento, poderá também surgir como um valioso remédio para o corpo, cujo benéfico efeito muitos já constataram. A bênção do óleo com essa finalidade suplica “para todos que com ele foram ungidos, proteção do corpo, da alma e do espírito, libertando-os de toda dor, toda fraqueza e enfermidades”.
A fórmula sacramental inclui: “Ele te salve e te alivie os teus sofrimentos” e, na prece que se segue, pede-se plena saúde, a fim de que restabelecido “possa retomar as suas atividades”. Eis o verdadeiro sentido e o extraordinário poder curador da unção dos enfermos.
Procura-se freneticamente a medicina e até outros recursos; luta-se com sacrifício para proporcionar alívio e recuperação da saúde, mas nem sempre se utiliza esse veículo da misericórdia divina. Caminha-se ao largo, quando ao alcance da mão está a força do Onipotente. Teme-se afligir os parentes ou angustiar o enfermo, e, assim, perde-se um remédio salutar, que deve ser ministrado em tempo oportuno. Peca-se por não se cumprir um dever. Outras vezes, espera-se pelos últimos momentos, quando a consciência do paciente já desapareceu. Com isso, registra-se uma dupla perda: o efeito sobre o corpo só poderá advir por milagre, foge da ordem habitual da providência; a recepção frutuosa desse sacramento, sua principal e primária finalidade, ficou, em parte, esvaziada.
A vida temporal passa, mas a verdadeira é eterna. Devemos empregar os meios a nosso dispor para uma adequada preparação à existência definitiva. Assim, cantaremos vitória sobre a morte que se transforma em sinônimo de um lugar na casa do Pai.
Dom Eugenio Sales
Arcebispo Emérito do Rio
Confesso que muito me identifico com tal assunto sobre a unção dos enfermos,tal é minha atual situação de sofrimento e enfermidade,sendo eu rejeitada nesse momento de dor,sei que não o sou por DEUS e JESUS,no qual apoio-me na fé,não por acaso meditei e chegou essa reportagem á mim,rogo á DEUS por misericórdia,que ELE aplique o bálsamo consolador e alivie e salva-me desse sofrimento,agradecida PAI,por sempre me animar com o poder da fé.Que DEUS abençoe a todos.