A resposta a esta pergunta vamos fazê-la a partir de uma palavra forte de Jesus, por ocasião do encontro com a mulher adúltera, “Quem de vós estiver sem pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma pedra.” (Jo 8,7). Todos somos pecadores, somente a misericórdia divina pode nos transformar e renovar. O motivo é simples: não há quem não esteja sujeito à tentação, fraqueza, mentira, e tantos outros sentimentos e atitudes contrários ao plano de amor de Deus.
A vida nova em Cristo nos é transmitida pelos sacramentos de iniciação – Batismo, Eucaristia e Confirmação. Porém, ao mesmo tempo corremos sempre o risco de perdê-la, porque “temos este tesouro em vasos de barro, para que transpareça claramente que este poder extraordinário provém de Deus e não de nós.” (2Cor 4,7).
O Sacramento da Reconciliação, conhecido como confissão, tem a sua origem no dia da Ressurreição de Jesus, a Páscoa. Os discípulos estavam reunidos na sala do cenáculo com medo dos judeus (cf. Jo 20,19-29). Estes homens mostram serem fracos, e ainda assim, Jesus dá a eles o poder de representá-lo, e transmitir o Seu perdão. Isso fica claro nas palavras de Jesus em Jo 20,23: “Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos.” E assim cai por terra a afirmação: “Eu me confesso diretamente com Deus.” Quem nos perdoa é sempre Jesus, e o sinal visível de que estamos indo a Ele, o damos através da confissão. Quando procuramos o padre para nos confessar, não estamos indo simplesmente a um homem, mas testemunhamos o propósito de receber o perdão prometido por Jesus através da Igreja (a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados). O padre é pecador, como são todos os cristãos, sem exceção. Entretanto, ele, em virtude do sacramento da ordem, no momento da confissão representa Jesus.
O Sacramento da Reconciliação, se é buscado com o coração arrependido, com o desejo de reparar o mal cometido e o propósito de lutar para não mais pecar, dá a quem o recebe a experiência de sentir o Pai misericordioso nos abraçando, dando-nos a força do Espírito Santo para nos levantar-nos das nossas quedas.
Não tenhamos medo ou vergonha de nos confessar, mas de pecar e ficar muito tempo longe da graça divina. O papa Francisco, na audiência geral de 19/02/2014, falando sobre o Sacramento da Reconciliação disse: ” quando foi a última vez que você se confessou? Cada um pense… São dois dias, duas semanas, dois anos, vinte anos, quarenta anos? Cada um faça as contas, mas cada um diga a si mesmo: quando foi a última vez que eu me confessei? E se passou tanto tempo, não perder um dia a mais, vá, que o sacerdote será bom. É Jesus ali, e Jesus é o melhor dos sacerdotes, Jesus te recebe, recebe-te com tanto amor. Seja corajoso e vá à Confissão!”
Padre Alberto Gambarini