Nesta quinta-feira, 3, o Papa Francisco falou da fé como ‘encontro com o Senhor’. Ele refletiu o Evangelho do dia sobre a pesca milagrosa, em que Pedro lança as redes no mar, confiando em Jesus depois de toda a noite sem apanhar nada.
“Antes de tudo gosto de pensar que Jesus passava a maior parte de seu tempo nas ruas com o povo. Depois, no fim da noite, ficava sozinho e rezava; mas ele encontrava o povo, procurava as pessoas”, afirmou o Pontífice.
Dois modos para encontrar Jesus
Nós temos dois modos de encontrar o Senhor. O primeiro é o de Pedro, dos apóstolos, do povo. “O Evangelho usa a mesma palavra para esta gente, para o povo, para os apóstolos, para Pedro: ficaram espantados. O espanto invadiu ele e todos. O Povo sentia Jesus e sentia este espanto e dizia: ‘Este homem fala com autoridade, ninguém nunca falou assim’”.
O Pontífice acrescenta dizendo que outro grupo que encontrava Jesus não deixava que este espanto entrasse em seu coração. “Os doutores da lei ouviam Jesus, faziam suas contas e pensavam que ele era inteligente, dizia coisas verdadeiras, mas tomavam distância”.
Os demônios também sabem que Jesus é o Filho de Deus
O Papa prosseguiu lembrando que os mesmos demônios confessavam, proclamavam que Jesus era o ‘Filho de Deus’, mas como os doutores da lei e os fariseus ruins, não tinham a capacidade de se espantar, eram fechados em sua suficiência, em sua soberba.
Pedro confessa que é um pecador e reconhece que Jesus é o Messias. “Os demônios chegam a dizer a verdade sobre Ele, mas não falam nada deles, porque não podem, a soberba é tão grande que os impede de dizê-lo. Os doutores da lei falam: É inteligente, é um rabino capaz, faz milagres. (…) Mas não dizem ‘nós somos soberbos, nós somos pecadores’. A incapacidade de nos admitirmos como pecadores nos afasta da verdadeira confissão de Jesus Cristo. Esta é a diferença”.
Esta é a diferença entre a humildade do publicano que se reconhece pecador e a soberba do fariseu que fala bem de si mesmo.
“Esta capacidade de dizer que somos pecadores nos abre ao espanto do encontro de Jesus Cristo, o verdadeiro encontro. Também em nossas paróquias, em nossas sociedades e entre as pessoas consagradas. Quantas pessoas são capazes de dizer que Jesus é o Senhor? Muitas. Mas como é difícil dizer sinceramente: ‘Sou um pecador, sou uma pecadora’. É mais fácil dizê-lo aos outros, não?”
O Santo Padre prossegue afirmando que todos são doutores quando se comenta ‘este ou aquele’. “Para se chegar a um verdadeiro encontro com Jesus é necessária uma dupla confissão: ‘Tu és o Filho de Deus e eu sou um pecador’, mas não apenas na teoria: por isso, por aquilo e por aquilo outro’”.
O Papa destacou ainda que Pedro se esqueceu do espanto do encontro e renegou o Senhor, mas já que era humilde, deixou-se encontrar com o Senhor quando seus olhares se encontram. Ele chorou e voltou a confessar: “Sou um pecador”.
Ao concluir, Francisco pediu para que o Senhor “nos dê a graça de encontrá-lo, mas também de deixarmo-nos encontrar por Ele. Nos dê a graça, tão bela, deste espanto do encontro e a graça de termos a dupla confissão em nossa vida. Tu és o Cristo, Filho de Deus vivo, creio. E eu sou um pecador, creio”
Fonte: CN Notícias