As “lágrimas de São Lourenço” que surgem no céu em agosto são uma chuva de meteoros provocada pelo cometa Swift-Tuttle que, em sua órbita de 133 anos ao redor do sol, libera poeira e detritos na órbita terrestre.
É na queda e na queima desses detritos que consistem as “lágrimas de São Lourenço”, nomeadas dessa maneira em referência ao santo cuja festa litúrgica é celebrada no dia 10 de agosto: é por volta dessa data costuma acontecer o pico da chuva de meteoros, mas visível no hemisfério norte entre o final de julho e a metade de agosto.
Lágrimas de São Lourenço
Falando em referência, há um elemento poético na associação da chuva de meteoros com as “lágrimas luminosas” de São Lourenço, um dos mais conhecidos mártires da história do cristianismo primitivo.
O santo era um dos sete diáconos condenados à morte sob uma cruel perseguição promovida pelo imperador romano Valentino contra os cristãos e, particularmente, contra os sacerdotes cristãos de Roma.
O próprio Papa, que era Sisto II, havia sido martirizado no dia 6 de agosto de 258, situação em que Lourenço acabou se tornando provisoriamente a principal autoridade da Igreja em Roma porque participava da administração da comunidade. Seria martirizado apenas quatro dias depois do papa, em 10 de agosto.
Seu martírio foi chocantemente cruel: São Lourenço foi queimado vivo sobre uma grelha.
Um pouco antes, seus carrascos haviam ordenado que ele apresentasse todas as riquezas da Igreja, da qual era o administrador. Lourenço levou até as autoridades um grupo de pessoas deficientes, doentes e pobres, afirmando que ele eram a “verdadeira riqueza da Igreja”.
Famoso pelo bom humor, o diácono deu outro testemunho extraordinário de serenidade e entrega pessoal nas mãos de Deus quando já sofria a tortura do fogo. Entre suas últimas palavras, conta a tradição popular, ele teria dito a seus carrascos: “Virem-me, porque já estou bem assado deste lado”.
Vem do martírio de São Lourenço, por mais brutal que tenha sido, o “elemento poético” da associação entre ele e a chuva de meteoros desta época do ano: o povo cristão contava que os detritos em chamas que rasgavam os céus simbolizavam as brasas que martirizaram São Lourenço, cujas lágrimas na tortura eram de dor, mas também de esperança em Deus e na vida eterna.
Fonte: Aleteia (adaptado)