Em um dos últimos compromissos de sua viagem apostólica ao Peru, Francisco discursou às religiosas de vida contemplativa no Santuário do Senhor dos Milagres, neste domingo, 21, na Oração da Hora Média. O Santuário fica no centro histórico da capital do país, Lima.
Madre Soledad, responsável pelo Santuário, fez um discurso inicial e agradeceu a visita do Papa. Agradeceu por não esquecê-las. “Somos as missionárias que em nossas celas rezamos e pedimos ao Senhor. Obrigada por permanecer entre seus filhos peruanos, que te querem bem e o amam e agradecem por nos acompanhar. Seja bem-vindo ao Peru”, disse.
O Papa, em seguida, tomou a palavra e discorreu sobre a vida das irmãs do Santuário do Senhor dos Milagres. Falou sobre o quão importante o trabalho delas é e as exortou a continuar com o coração aberto diante das atribulações mundanas. “Podemos afirmar que a vida de clausura não algema nem restringe o coração; antes, alarga-o. Ai da religiosa que tem o coração restringido! Por favor, procurai um remédio. Não se pode ser uma religiosa contemplativa com o coração restringido. Que volte a respirar, que volte a ser um coração grande! Além disso, as religiosas com este coração restringido são religiosas que perderam a fecundidade e não são mães; lamentam-se de tudo, vivem amarguradas, sempre à procura de qualquer bagatela para se lamentar”, disse o Santo Padre.
Em tom descontraído, mas de forma incisiva, o Sucessor de Pedro chamou a atenção para o comportamento das freiras, sobretudo daquelas que praticam mexericos. “Sabeis o que é uma religiosa bisbilhoteira? É uma ‘terrorista’. Pior que aqueles terroristas de Ayacucho, alguns anos atrás. Pior, porque o mexerico é como uma bomba, como o diabo, atira a bomba, destrói e parte tranquila. Nada de irmãs ‘terroristas’, sem bisbilhotices. Já sabeis que o melhor remédio para não bisbilhotar é morder-se a língua. A enfermeira terá um pouco que fazer, porque a vossa língua se inflamará, mas pelo menos não atirastes a bomba”.
Francisco pediu ainda preces pelos pobres, doentes e migrantes, por aqueles que ainda vivem à margem da sociedade e que precisam de preces e auxílio. “Assim, a vossa vida na clausura consegue ter um alcance missionário e universal e um papel fundamental na vida da Igreja. Rezai e intercedei por tantos irmãos e irmãs presos, migrantes, refugiados e perseguidos, por tantas famílias feridas, pelas pessoas sem trabalho, pelos pobres, os doentes, as vítimas das várias dependências”, ponderou.
Por fim, Francisco exaltou o trabalho das irmãs. Afirmou que o zelo delas para com o trabalho religioso é de suma importância à Igreja. “Queridas irmãs, sabei uma coisa: Não é que vos tolera a Igreja, ela precisa de vós! A Igreja precisa de vós. Com a vossa vida fiel, sede faróis e mostrai Aquele que é caminho, verdade e vida, o único Senhor que oferece plenitude à nossa existência e dá a vida em abundância.”, finalizou.
Fonte: Canção Nova.