30 Mai 2016
Santo Fernando III (+1252)
Imagem do santo do dia

São Fernando nasceu nos finais do século XII no acampamento real, entre Zamora e Salamanca. Então a Corte movia-se com facilidade. Foram seus pais Afonso IX de Leão e Berenguela de Castela, que deu ao príncipe, com o leite materno, uma educação cristã. «Esta mui nobre rainha criou o seu filho nos bons costumes; com peitos de virtude deu-lhe o seu leite, ensinando-lhe, com todo o esmero, o que era do agrado de Deus». lnocêncio III declarou nulo aquele matrimonio, pois Dona Berenguela era sobrinha de Dom Afonso; no entanto, o filho foi logo legitimado pelo mesmo Papa Inocêncio III.

A vida da criança correu perigo aos dez anos. Não comia nem dormia. Dona Berenguela pegou na criança nos seus braços, foi ao mosteiro de Oha, rezou; chorou, durante uma noite inteira diante da imagem da Virgem «e o menino começou a dormir, e depois que acordou pôs-se a comer».

A sorte estará sempre com ele. Uma telha que fere o seu tio, Henrique 1, enquanto jogava, fá-lo rei de Castela. Esta pertencia à mãe, que, com clarividência, passou a coroa ao filho. Pouco depois nas Huelgas de Burgos, o bispo D. lvraurício cinge-lhe a espada de Fernando Gonzalez e arma-o cavaleiro. Cavaleiro de Cristo, conforme os seus desejos.

Teve dificuldades com seu pai, mas quando este morreu, D. Fernando herdou também o reino de Leão. Todos o amam e louvam. Tinha obsessão pela justiça, que era moderada pela piedade. Agradava-lhe a vida cortesã, como participar em torneios, mas também sabia cantar belas trovas em louvor de Santa Maria e em sua honra rezava o ofício menor mariano.

A sua ideia fixa era a total reconquista de Espanha, o regresso da Andaluzia à civilização cristã. Conquista Baeza, Córdova, Jaén, Múrcia, Sevilha... Enquanto as naves de Ramon Bonifácio entravam pelo Guadalquivir, teve lugar a entrada triunfal em Sevilha, concluindo a marcha, com a Virgem dos Reis, sobre um carro ricamente adornado. Ele apenas se considera «cavaleiro de Cristo, servo de Santa Maria e alferes de Santiago, cuja bandeira trazemos sempre conosco e sempre nos ajudou a vencer».

Não esquece São Fernando outras obrigações. Criou a Universidade de Salamanca, mandou traduzir obras de direito, promoveu a construção de catedrais góticas, protegeu os artistas. Tinha bons conselheiros, como o arcebispo D. Rodrigo Jimenez de Rada. Teve mais sorte que o seu primo São Luís IX de França. Em tudo via a mão protetora de Deus.

Recebia com singular agrado os pobres, sentava-os à sua mesa, servia-os e lavava-lhes os pés. «Temo mais, costumava dizer, a maldição de uma pobre velha que todos os exércitos juntos dos mouros».

Ainda preparou uma poderosa frota para dilatar a cristandade por terras africanas. Mas foi surpreendido pela morte. Seu filho Afonso X, o Sábio, na sua História Geral de Espanha, conta com pormenores comoventes o fervor com que seu pai recebeu o Viático batendo no peito, beijando a cruz, dando os últimos conselhos.

A seguir pediu a vela «que todo o tristão deve ter na mão na hora da sua partida»; venerou o círio, símbolo do Espírito Santo, e enquanto os clérigos cantavam o Te Deum, «muito suavemente entregou o espírito a Deus».

Todos o choraram. Até os mouros, pela sua lealdade e generosidade nas conquistas. Todos sabiam que um rei como aquele «rei de todos os fatos notáveis», aparece poucas vezes na terra. Era o dia 30 de Maio de 1252. Os seus restos, com elogioso epitáfio, só venerados na catedral de Sevilha.