29 Abr 2016
Santa Catarina de Sena, Virgem e Doutora da Igreja (+1380)
Imagem do santo do dia

Foi um autêntico prodígio de criatura, penúltima de 25 irmãos. Filha do casal formado pelo doce e bonacheirão Giácomo Benincasa, tintureiro de peles, e de Lapa de Puccio dei Piangenti, mulher enérgica e trabalhadora como poucas.

Nasceu em Sena em 1347, no ano anterior à tristemente célebre Peste Negra que assolou toda a Europa e que viria a causar grandes males. Estes surgiriam também pouco depois no seio da Igreja. Apesar da sua curta vida e de não ter ocupado cargos de responsabilidade, parece quase incrível como uma jovem mulher do povo pôde realizar empreendimentos tão grandes como o Senhor lhe tinha reservado.

Aquela menina alegre, brincalhona e travessa como era próprio da sua idade, ficou logo marcada quando, sendo ainda muito pequenina, caminhava com uma sua irmã e recebeu uma maravilhosa visão do céu: via Jesus sentado num rico trono, acompanhado pelos Apóstolos São Pedro, São Paulo e São João... Entregou-se mais à oração e fazia tudo muito melhor do que antes, de modo quase impróprio para uma menina da sua idade. Parecia andar ensimesmada e fora de si. Sua mãe, para lhe tirar da cabeça estas "manias", põe-na ao serviço da criada da casa. Catarina aceita de bom gosto esta nova missão e dedica-se em cheio a servir os outros. Fá-lo com grande carinho.

A mãe Lapa quer que ela se afeiçoe à vida de sociedade e que pense em contrair matrimonio com um jovem bom e bem posto que ela lhe propõe. Catarina, porém, não pensa assim. Já se tinha desposado secretamente com Jesus Cristo... Por fim o bom e pacífico do seu pai toma o assunto à sua conta e diz: "Que ninguém moleste a minha filha Catarina. Que seja ela a tomar a decisão do seu futuro. Se ela quiser servir a Jesus Cristo, que ninguém lho impeça". Catarina vê os céus abertos e faz-se terceira dominicana ou Montelata, como se dizia.

Catarina, já livre das prisões do mundo, entrega-se em cheio à vida de oração e de penitência. Vê-se voar mais do que caminhar pelas vias do espírito. Mas a tentação não para. O inimigo não dorme. Vêm-lhe às vezes tentações de toda a espécie. Sente-se atacada por todos os lados e contra todas as virtudes. Jesus aparece-lhe e Catarina diz-lhe: "Onde estavas, esposo do meu coração, quando eu era tão duramente tentada?" Sorrindo, Jesus responde-Ihe: "Estava dentro do teu coração, ajudando-te a vencer.

Ela não sabe como ser mais útil ao Senhor e à sua Igreja, a quem ama com toda a alma e pela qual se ofereceu como vítima. Um dia, apareceu-lhe o Senhor e disse-lhe: "Não podes ser-me útil em nada, mas podes servir-me, ajudando o próximo"... E ela assim o faz com toda a sua alma. Ajuda a todos, a todos socorre, serve, instrui e dá quanto tem para os encaminhar para Deus...

Gozou de grandes revelações do céu e deixou-nos obras imortais de profunda sabedoria, como o Diálogo. Por isso merecerá o reconhecimento da Igreja e a 4 de Outubro de 1970 o Papa Paulo VI declará-la-á como a segunda mulher Doutora da Igreja, pouco depois de ter conferido o mesmo título a Santa Teresa de Jesus.

Trabalhará com toda a alma para que o Papa de Avinhão volte para Roma. Escreverá cartas cheias de fogo aos príncipes e cardeais pedindo-lhes que ajudem e defendam a Igreja e que se corrijam dos seus abusos. Ao Papa chamava ela "o doce Cristo na Terra". Tinha um altíssimo conceito do sacerdócio e trabalhou com toda a alma para que fossem santos os ungidos do Senhor. Por eles e por toda a Igreja, naquele tempo dilacerada pelo tristemente célebre Cisma do Ocidente, ofereceu generosamente a sua vida. Interveio em muitos assuntos públicos e privados, pelo que bem merece ser a Padroeira da Itália, juntamente com São Francisco de Assis. Morria no dia 29 de Abril de 1380, aos 33 anos de idade. O Papa Pio II proclamou-a Santa 80 anos após a sua morte. Pio XI, em 1939, proclamou-a Padroeira da Itália.