29 Jan 2015
São Valério, bispo (+315)
Imagem do santo do dia

São Valério, natural de Saragoça, era filho de uma das ilustres famílias da cidade "predileta de Augusto", a cidade dos "mártires inumeráveis", a que mais mártires ofereceu a Jesus Cristo, como canta o poeta cristão Prudêncio no Peristephanon ou As coroas. Valério é um dos mais célebres prelados da igreja de Espanha e um dos mais ilustres confessores de Cristo. A sua vida desenrola-se entre os séculos III e IV.

Promovido à cátedra episcopal de Saragoça, palos seus méritos e virtudes, dedicou-se, como sucessor dos Apóstolos, a cumprir fielmente o seu ofício pastoral, velando com grande zelo e solicitude pelo rebanho que o Senhor lhe tinha confiado. Nos últimos anos do seu episcopado não podia cumprir o encargo da pregação, pelo que foi chamado "o tartamudo". Mas encontrou um magnífico ajudante no diácono Vicente, proveniente de Huesca, homem eloquente, altivo e braço direito do seu bispo.

Estamos no princípio do século IV, quando Diocleciano e Maximino desencadearam uma cruel perseguição contra a Igreja, principalmente contra os bispos, presbíteros e diáconos. Em Espanha encontraram um fiel executor das suas ordens. Era Daciano, governador da Tarraconense, homem cruel e desumano que, querendo agradar aos seus chefes se dispõe a aplicar as leis que chegavam de Roma com o máximo rigor e sadismo.

Via os progressos e a aceitação de Valério e Vicente em Saragoça e para deixar aquela cristandade sem guias, mandou prendê-los, carregá-los com cadeias e conduzi-los para Valência para ali serem julgados. Esperava Daciano que os rigores e incômodos da viagem e da prisão podiam demovê-los facilmente. Daciano não conhecia o temperamento do bispo e do seu diácono.

Quis Daciano convencer Valério a bem. Pedia-lhe que cedesse da sua intransigência, pois os seus anos requeriam uma velhice mais tranquila e sossegada do que a que teria de suportar na prisão. Inclusivamente chegou a pedir-lhe que ordenasse aos seus fiéis para praticar a idolatria, como ele o iria fazer.

O venerável ancião indignou-se perante tal proposta. Devido à sua dificuldade em falar pediu ao seu fiel diácono que afirmasse pelos dois a sua inquebrantável fidelidade a Jesus Cristo. Vicente "o Vitorioso" fê-lo com grande ardor e zelo, ao mesmo tempo que atacava os erros da idolatria. Daciano, ofendido por aquela ousadia, pensou que seria melhor reservar os maiores suplícios para o jovem diácono, que seria julgado em Valência, e desterrar Valério.

Valério residiu a partir daí em Enate, perto de Babastro, onde viveu doze anos, dedicado à oração e a penitência no templo que fez edificar em honra do seu diácono, uma vez conhecido o seu martírio. O exemplo das suas virtudes continuava a influenciar a partir do seu retiro. Por fim, cheio de méritos e virtudes, adormeceu no Senhor no ano 315.

Os restos veneráveis do santo bispo, como era frequente nesse tempo, em que eram muito veneradas e solicitadas as relíquias, foram objeto de várias trasladações, sobretudo durante a ocupação de Espanha pelos árabes. Estiveram primeiro no castelo da Estrada. No século XII essas relíquias foram levadas solenemente para Saragoça e colocadas numa urna, oferta segundo se diz do cardeal Pedro de Luna. A cidade recebeu as relíquias com grandes festejos religiosos e populares. As multidões acorriam a venerá-las e contavam logo os muitos benefícios recebidos. Era como se, depois de séculos, o amado pastor regressasse do seu desterro. São Valério é padroeiro e protetor de Saragoça.

Oração a São Valério

Inspirai-nos, o Deus de amor, pela intercessão de São Valério, o zelo pastoral pelos mais abandonados e necessitados de conversão. Por Cristo nosso Senhor. Amém.