27 Mar 2015
Beato Diogo José de Cádis, presbítero (+1801)
Imagem do santo do dia

O Beato Diogo José de Cádis, incansável missionário popular capuchinho, nasceu em Cádis em 1743. Recém ordenado sacerdote, ficou impressionado com os estragos que eram causados na Igreja de Espanha pelas correntes enciclopedistas e regalistas, mescladas com as teorias do bispo de Tréveris, Febrónius, que negava a constituição monárquica da Igreja, e afirmava que o Papa estava sujeito ao Concílio. Criou grande contusão.

O nosso Beato tem sido comparado com São Vicente Ferrer e São João de Ávila e até, pode-se acrescentar, com o P. Tarín. Nunca houve um orador sagrado tão popular. "Se ao mesmo tempo pregassem São Paulo e o Padre Cádis, escrevia um Cônego, um dia ouviria o Apóstolo. e no outro Frei Diogo". Deus deu-lhe grandes dotes, não obstante terem-no expulsado por fracassar nos estudos.

Viveu trinta anos de vida ativíssima. Percorreu várias vezes toda a Andaluzia, sempre a pé. E pode dizer-se que nenhuma região espanhola ficou sem receber a sua pregação. O Cardeal Lorenzana escrevia entusiasmado: "A entrada de Frei Diogo em Toledo tem sido tão magnífica como a de Jesus em Jerusalém". Todos o reclamavam.

Não tinha descanso.

Nas suas missões populares, falava várias horas por dia, perante multidões de até cinquenta mil pessoas, sempre ao ar livre, a plenos pulmões, incansável, fogoso, arrebatador. Acudia toda a espécie de gente a escutar a sua palavra de fogo. Nele viam o homem de Deus, que avalizava a sua pregação com a santidade de vida e com muitos milagres que operava.

Onde ia arranjar tempo? Pois dedicava várias horas por dia à oração mental, e a sua correspondência epistolar é imensa. Sobre a Virgem Maria, que chamava Pastora das almas e da paz, pregou mais de cinco mil sermões, e certamente mais de vinte mil sobre outros temas. Além de escrever uma quantidade ingente de obras ascéticas e de devoção.

Via claramente os perigos que ameaçavam Espanha. As ideias da "ilustração" semeavam confusão nas mentes a que se seguia logo a perda dos bons costumes. E, como diz o ditado, que faz mais pela luz aquele que acende um fósforo do que aquele que maldiz as trevas, pôs-se a escrever e a pregar a todas as horas e em toda a parte.

O seu diretor espiritual repetia-lhe que Deus o tinha escolhido para semear luz em toda a Espanha, da Corte à última aldeia. Na sua missão de Aranjuez e Madrid quis atrair ao bom caminho a rainha Maria Luísa, esposa de Carlos IV. Não pôde consegui-lo, pela influência perniciosa de Godoy. Mas Frei Diogo não se atemorizava nunca.

Deus concedeu.lhe carismas extraordinários: comunicações místicas, dom de profecia e muitos milagres. Mas também teve de passar pelo cadinho da tribulação. Conta ele que quando era estudante se sentia preso por inclinação afetuosa a uma pessoa, o que o trazia disperso e desconcentrado. "Chamei a Deus, cortei com aqueles afetos e tudo mudou em mim". Não se livrou nem do ataque das tentações carnais nem do cansaço jierante os fracassos. Mas teve paciência, pôs os meios e de tudo o salvou e livrou o Senhor. A sua vida foi um dom para a Espanha do século XVIII.

A sua liberdade evangélica na hora de corrigir trouxe-lhe problemas. Esteve algum tempo limitado por ordens do Governo. Foi denunciado à Inquisição que o obrigou a comedir mais as suas palavras. Mas ele continuava incansável a sua tarefa de apóstolo, enquanto as forças lho permitiram. Tinha-se esgotado pelos seus irmãos. Pouco antes de morrer, repetiu: "Senhor, Tu sabes que te amo!"

Foi para o Céu no ano de 1801.