25 Set 2016
São Pedro de Arbues, Cônego e Mártir (+1485) São Domingos do Vale (250) e Menino da Guarda (1489), mártires

São Pedro de Arbúes foi inquisidor e mártir, como os seus dois homônimos, o Beato Pedro de Castelmão e São Pedro de Verona. Deste modo, das páginas da lenda negra espanhola, passou às do catálogo dos Santos.

Nasceu em Epila, Saragoça, em-1441, filho de António e de Sancha, descendentes de sangue real. Pedro, jovem intrépido, sobressaiu depressa na virtude. «Dourou o ferro do pecado original com o ouro celeste da virtude».

Era de inteligência muito fina. Depois de cursar Humanidades em Lérida e Saragoça, foi ampliar os estudos em Leis, no célebre colégio Maior de São Clemente, fundado em Bolonha pelo cardeal Gil de Albornoz. Ali passou cinco anos de estudo intenso, trabalho constante, fazendo honras ao gênio aragonês. Foi-lhe oferecida uma cadeira na Universidade. Todos admiram a sua vasta ciência e a sua acrisolada virtude.

Em 1474 é nomeado Cônego da Metropolitana do Salvador, a Seo, em Saragoça. Resiste. Por fim, aceita, diz o arcebispo D. João de Aragão, «para dar glória a Deus e servir melhor a Igreja. Ordena-se sacerdote e coloca-se sob a Regra de Santo Agostinho. Escolhe como lema da sua vida a caridade de Cristo. É um homem humilde, abnegado, generoso, muito exigente consigo mesmo, compreensivo com os outros.

Entrega o tempo por completo ao estudo, ao Coro, à beneficência, à formação dos que aspiram a servir no Santuário. Chamam-no «o Santo Mestre de Epila». Pedro, por seu lado, diz sinceramente de si mesmo: «devo converter-me de mau sacerdote em bom mártir».

Em 1482 foi estabelecida em Espanha pelos Reis Católicos -com aprovação de Sixto IV - a Inquisição, para reprimir a heresia e conseguir a unidade religiosa. Houve seguramente excessos, embora com boa intenção. «Houve sempre um desejo de proceder com retidão», diz o protestante Schafer De Pedro de Aubúes, eleito inquisidor do Reino de Aragão, consta que atuou com delicadeza e caridade em tão difícil ofício. Mais do que juiz, era um pai bondoso. Mas também soube agir com retidão, sem temor a comentários malévolos, a escândalos farisaicos e a vis ameaças.

Os judaizantes reúnem-se em conciliábulo: «Epreciso matar o Inquisidor. Uma vez morto, já não virão outros». Sete facínoras conspiram para cometer o crime sacrilégio Pedro inteira-se do plano: «Nada temo, diz o novo Beckett. Eu guardo a honra de Deus e de sua fé».

E, apesar das ameaças, na noite de 14 para 15 de Setembro, chega Pedro a Seo para a recitação de Matinas. Os conjurados esperam-no escondidos atrás das colunas. Pedro aproxima-se do altar e cai repassado de punhaladas, enquanto diz: «Bendito seja Jesus Cristo, pois morro pela sua santa fé». Dois dias depois, a 17 de Setembro de 1485, expirou , perdoando, como Jesus, aos seus inimigos. O Papa Pio IX, odiado e perseguido pelas seitas, como Pedro de Arbúes, canonizou-o em 1867.

São Dominguinhos do Vale, de Saragoça, e o Santo Menino da Guarda, chamado Cristóvão, da província de Toledo, são dois casos penosos e tristes, pois foram martirizados em estranhas circunstâncias, por ódio à fé de Jesus Cristo, em tempos calamitosos de lutas religiosas.

São dois casos muito parecidos, se bem que com dois séculos de diferença. Os dois eram acólitos, crianças, meninos de coro. Os dois eram diligentes servidores do altar, quais novos Tarcísos, sacrificados como os Santos Inocentes, por ódio a Jesus. São padroeiros dos acólitos