23 Out 2014
São João de Capistrano, presbítero (+1456)
Imagem do santo do dia

Estamos perante um grande místico e um valoroso soldado. Foi no verão de 1456. O perigo otomano ameaçava a cristandade. O Papa pede soldados e valentes missionários para atalhar esta barbárie que se lança sobre a Igreja. João ouve a chamada do Vigário de Jesus Cristo. Caiu o império romano de Bizâncio nas mãos dos turcos. Maomé II orgulhoso com as suas vitórias ameaçava chegar a Roma e acabar com toda a cristandade. Então levanta-se a voz atroadora de João Capistrano, às Ordens do Papa que lhe diz: Vê, clama, sacode a apatia, humilha a soberba, confunde a avareza. Estes são os três males que nos põem nas mãos dos turcos.

Capistrano vê nestes desejos do Papa Calisto a vontade de Deus, e, esquecendo-se de si e apesar dos achaques e dos anos, lança-se com valentia a pregar a Cruzada da fé... Passados dois anos e obtida a vitória, escreve, cheio de alegria ao Vigário de Jesus Cristo:

«Glória a Deus nas alturas! Triunfamos pela misericórdia de Deus. O combate foi rude. Eu mesmo tive de lançar-me ao campo num momento de indecisão terrível. Clamei com a cruz ao alto, reanimei os que vacilavam e o Deus dos exércitos deu-nos a vitória.

João de Capistrano nasceu no final do século XIV numa aldeiazita que tem o seu nome, nos Abruzzos italianos. Chegará a ser o homem mais famoso do seu tempo em toda a Europa, já que a sua fama se estenderá em múltiplas facetas por várias nações deste velho mundo. Era elegante, inteligente e grande sonhador. Por questões políticas cai no cárcere. Um dia quer fugir e fá-lo de fato mas cai de novo nas mãos dos inimigos que o castigam duramente. Durante a noite teve um sonho em que lhe pareceu que São Francisco o convidava a tomar parte na sua Ordem. Sai do cárcere, entrega quanto tem e começa uma vida de peregrino percorrendo várias cidades e pregando com grande ardor a doutrina de Jesus Cristo. Logo o seu nome corre de boca em boca. Todos dizem maravilhas de João.

Aos trinta anos bem amadurecidos, em 1416, ingressa na Ordem Seráfica e entrega-se em cheio à observância da Regra e a todas as incumbências que lhe fazem os superiores. A sua grande simplicidade e o fogo que lhe arde na alma tornam-se objeto de admiração para toda a gente. No ano de 1450 passa os Alpes para pregar a palavra de Deus. Já não voltará à sua pátria. Agora a sua paróquia e o seu convento é toda a Europa.De todas as partes acorrem a ouvir a sua palavra ardorosa e a presenciar os seus maravilhosos exemplos e portentosos milagres. Os cronistas da época referem as maravilhas que operava em todas as partes aonde chegava: vinham mulheres, homens, crianças, ricos e pobres, magnates e simples trabalhadores, todos ávidos de escutar as suas palavras e de presenciar as suas curas milagrosas e as estrondosas conversões de pessoas de má vida. Era uma maravilha contemplar aquele homem de pequena estatura, sem atrativos humanos e vestido tão pobremente e como arrastava as multidões para levá-las para Cristo.

Era normal que a tanta glória sucedessem também os invejosos e caluniadores. Teve-os em abundância. Mas as suas murmurações ofensas não diminuiram o seu fogo ardoroso e a sua grande caridade. Os que o conheciam sabiam que eram calúnias e invejas pela sua bondade e zelo. Percorreu várias nações e trabalhou sem des¬canso para conseguir a Unidade dos Cristãos.

João foi também um grande reformador da vida religiosa no seu tempo, já que a exemplaridade da sua vida e os próprios cargos que desempenhou na sua Ordem influíram muito para que a Observância regular florescesse. Cheio de méritos partiu para a eternidade em 1456 aos setenta anos de idade.

Oração de São João de Capistrano

Deus, nosso Pai, a exemplo de São João Capistrano, o nosso exemplo de fé, de amor à verdade, à fraternidade, brilhe num mundo descrente, amante da mentira e do egoísmo. Sejamos o sal da terra, mediante uma vida honrada e íntegra, trabalhando com ardor para construção da paz e da comunhão. Sejamos luz para este mundo carente de valores espirituais que jaz na treva do isolamento e do individualismo. Aprendamos de Jesus, manso e humilde de coração, a ser compassivos e misericordiosos, fazendo o bem sem olhar à quem. E os homens, vendo o nosso empenho, nossa dedicação em servir, nosso esforço em compartilhar, nossa alegria de viver, nossa esperança nas adversidades, possam crer em vós, Deus de amor, que nos sustentais na vossa bondade. Que por nossa causa, ninguém se afaste de vós, Deus vivo e verdadeiro. Mas, através de nosso exemplo, possam chegar a vos conhecer e a vos amar de toda mente e de todo coração. Amém