23 Abr 2014
São Jorge, mártir (+303)
Imagem do santo do dia

Os Gregos chamam-lhe o Megalomártir, o Grande Mártir. Para nós, é o defensor da Igreja, o porta-estandarte da fé, o defensor dos perseguidos e inocentes, o patrono dos Cruzados e de várias cida¬des espanholas... Tudo isto é o glorioso mártir que hoje celebramos.

É pouco o que os historiados críticos nos narram dele. Bastante mais ricas têm sido as lendas que nos contam maravilhas e milagres da sua rica personalidade, desmascarando o imperador e defendendo a jovem inocente do terrível dragão que assolava a cidade.

Percorrendo os Museus do Oriente e países eslavos, fica maravilhado o turista ao contemplar como São Jorge tem sido um dos temas, para não dizer o tema, mais levado às telas daqueles países, o que indica o fervor popular que sempre sentiram para com ele.

Parece que nasceu na Palestina, na cidade de Lida ou em Mitilene, aí pelo ano de 280. Seus pais eram, segundo consta, fervorosos cristãos e aparentados com a alta aristocracia do país. Era um jovem garboso: alto, elegante, forte, simpático... Abraçou a carreira militar, a mais nobre daqueles tempos. Esperava chegar a ser um ilustre militar sob as ordens dos imperadores romanos. Tudo lhe sorria. Até que um dia... aí pelos princípios do século IV, chegou, a Nicomédia o terrivelmente duro imperador Diocleciano, com o satânico intuito de fazer desaparecer a seita dos cristãos que, dia a dia, se estendia por todo o vasto império. Ditou leis ferozmente cruéis contra os seguidores de Jesus de Nazaré. O último edito do imperador ordenava que era preciso acabar com eles, pois tinham chegado notícias de que até nos cargos mais delicados do império se tinham introduzido seguidores desta seita. Seriam expulsos todos os militares, autoridades e cargos administrativos de qualquer espécie, se provasse que eram cristãos. Quem tivesse conhecimento de algum destes cristãos, tinha obrigação grave de o denunciar. Este edito foi afixado em todas as ruas e praças...

Os historiadores da época referem-nos que um nobre soldado, no meio da praça da cidade de Nicomédia, arrancou com fúria o edito do imperador, e diante de todos os presentes, fé-lo em pedaços, desprezando assim as ordens imperiais.

Logo chegou aos ouvidos do imperador Diocleciano a ação deste nobre tribuno chamado Jorge. O imperador convocou os grandes do reino e expôs-lhes com palavras severas que era preciso levar à prática, e com a mais rigorosa observância, o que estava estabelecido no edito. Quando chegou a sua vez de falar, Jorge dirigiu-se corajosamente ao imperador e disse-lhe: "Senhor, não cumpri nem espero cumprir daqui em diante quanto ordenastes, por considerá-lo altamente injusto. Porque abusais dos pobres e das virgens? Porque é que, se há liberdade para adorar deuses falsos, não há-de haver para adorar o único Deus verdadeiro?..."

O imperador ficou petrificado. Não conseguia imaginar como é que um simples tribuno se atrevia a falar-lhe de modo tão enérgico e descarado a ele que era o Imperador...

E disse-lhe: - "Já reparaste, tribuno Jorge, naquilo que acabas de dizer? Sabes que posso mandar-te matar ou, pelo menos, privar-te de tudo o que tens?"

- "Isso nada me importa. A minha vida é de Cristo, meu Deus e Senhor, e Ele me ajudará... até chegar a possuí-lo no céu, para onde espero ir...

O imperador ordenou que o atormentassem com toda a espécie dos mais refinados instrumentos, para fazê-lo abjurar a sua fé. Mas, por mais que o fizessem sofrer, a fé crescia e o valor aumentava no tribuno Jorge, com grande admiração de quantos o contemplavam... Por fim, vendo que nenhum daqueles tormentos acabava com ele, o verdugo descarregou nele o golpe de misericórdia, cortando-lhe a cabeça com uma machadada. Jorge será o patrono dos militares valentes e de quantos lutam em defesa da fé. Era pelo ano de 303 quando recebeu a palma do martírio. É o patrono dos escuteiros. Em Portugal o seu culto surgiu na época de D. Fernando, por influência do Duque de Lencastre. O grito de "S. Jorge" substituiu na guerra o de "São Tiago" que até aí se usava. Em Aljubarrota foi construída em 1388 uma ermida dedicada a São Jorge.