Estamos perante uma mulher verdadeiramente extraordinária. Deus tinha-a escolhido para que com a sua valentia de jovem adolescente confundisse o arrojo dos homens mais maduros.
Cheia de imensa dor, no cárcere e carregada de cadeias, gritava pouco antes de morrer abrasada na fogueira onde a iam lançar como herege, e no entanto, ela naqueles sublimes momentos em que não se pode confessar senão a verdade, gritava: «ai!, ai! como me tratam horrivelmente! Este corpo que nunca foi corrompido vai ser reduzido a cinzas. Apelo para o tribunal de Deus, Juiz dos vivos e dos mortos»... Regressou a calma ao seu espírito. Pediu para comungar e apesar de ser condenada à fogueira como herética permitiram-lhe que comungasse. Contradições da vida. Depois ela, dirigindo-se ao seu confessor, que estava ao seu lado para a assistir e fortalecer, perguntou-lhe:
- «Onde estarei esta tarde?»
- «Não tens esperança?» - respondeu-lhe o sacerdote
«Sim - replicou ela - com a graça de Deus, espero estar no Paraíso» Abriu-se a porta. Apareceram uns soldados ingleses, puseram-na num carro e levaram-na para a praça que estava apinhada de gente. Todos choravam. Até o próprio Chauchón - o responsável por aquela condenação - chorava também. Ataram-na ao mastro, atearam fogo à lenha que tinha aos pés e, no meio de um profundo silêncio, só se ouviram as suas três últimas palavras: «Jesus, Jesus, Jesus» e um grito dilacerante. Aquele martírio de uma jovem de dezessete anos deixou pegadas indeléveis nas páginas da mais cruel história.
Joana tinha nascido numa perdida aldeia do nordeste de França no dia 6 de Janeiro de 1412. Os seus pais, lavradores, foram Jaime d'Arc e Isabel Romée.
Eram tempos difíceis aqueles. Os ingleses queriam apoderar-se de toda a França. A soldadesca entrava e saía das aldeias e, uns a favor da Inglaterra e outros contra, geravam contínuos sobressaltos. A pequena Joana era uma menina normal. Talvez não soubesse ler nem escrever mas tinha algo profundamente gravado no seu coração: amava ternamente a Jesus e Maria, coisa que tinha aprendido com a sua mãe, a sua melhor educadora. Comungava frequentemente, o que era raro naquele tempo, e entregava-se em cheio aos trabalhos que seus pais lhe confiavam como a qualquer outra jovem de Dom remy de seu tempo.
Um dia encontrava-se a jovem Joana no campo e ouviu que da igreja chegava a si uma voz que dizia: «Filha da Igreja, vê, caminha». Olhou ao redor e não viu ninguém... E assim uma e outra vez. Até que um dia lhe apareceu um elegante soldado - que era o Arcanjo São Miguel - e lhe indicou o mesmo:" Não temas, o Senhor tem reservada para ti uma grande missão para libertar o povo». Não fez caso. Pareceu-lhe um sonho. Pouco depois foram duas elegantes matronas - Santa Margarida e Santa Catarina - que a animaram a que seguisse os seus conselhos. Elas a ajudariam. Aquelas «vozes» tornam-se mais frequentes de dia para dia. Dizem que ela é quem há-de salvar o seu povo escravizado pelos ingleses.
Supera toda a espécie de dificuldades... Apresenta-se diante do próprio rei Carlos VII , que nunca tinha visto e descobre-o. Os teólogos discutem aquelas visões e «vozes». Ligam-lhe importância. Monta um cavalo. Seguem os seus conselhos. Vai percorrendo as cidades de França e vencendo os ingleses. O próprio rei admira-a e condecora-a ... Mas mudam-se as coisas e condenam Joana por herética e feiticeira. Procuram testemunhas falsas e a «Donzela de Orleães» é condenada a morrer queimada na fogueira. Morre inocente enquanto diz com valentia: «Morro inocente por vossa culpa. Se me tivésseis entregado à Igreja não me encontraria aqui». Morreu mártir da Igreja e da sua pátria. Foi no ano de 1431.
Oração a Santa Joana DÁrc
Ó mais pura Virgem e Gloriosa mártir Santa Joana da qual Deus e Seu Eterno Poder tem revelado para o mundo de modo a reviver a fé, a esperança e a caridade das almas cristãs. Eu me prostro a vossos pés minha querida santa, digna ,virgem, cheia de graça e bondade e peço que receba as orações deste seu humilde servo e obtenha para mim a pureza de teu terrível sacrifício e a fortaleza de sua alma e faça com que eu resista aos mais terríveis ataques e que eu venha a sentir este seu amor ardente para o Nosso Senhor Jesus Cristo, amor este que os mais terríveis tormentos não o fez extinguir em ti .
Assim espero que seguindo este exemplo santo e imitando sua vida, eu possa um dia estar contigo no paraíso. Na hora de minha agonia final venha em meu socorro, fique ao meu lado e me conduza a presença de Jesus. Amem.