19 Dez 2014
São Franco de Sena, religioso (+1291)

Nasceu em Grotti, obscura cidade da Toscana italiana, próximo de Sena, por volta do ano 1211. Seus pais chamavam-se Mateus Lipi e Celedônia Daniel. Não tinham filhos e, por isso, pediam-nos com insistência ao Senhor. Quando o menino nasceu puseram-lhe o nome de "Franco" que, etimologicamente, tanto pode significar "livre" como "libertino".

Contam alguns historiadores que uns dias antes de nascer, sua mãe teve uma visão em que lhe pareceu que, em vez de um homem, dava à luz um horrível monstro, que, pouco depois, se convertia em manso cordeiro, num maravilhoso mancebo.

Este pesadelo tinha-o sempre presente a sua boa mãe que procurou educar o melhor que pôde o seu pequeno Franco.

Tendo passado algum tempo nos estudos, viram seus pais que não tirava daí qualquer proveito. Por isso, encaminharam-no para curtidor de peles. Neste trabalho progrediu bastante e era admirado pela destreza das suas mãos. Mas algo lhe veio perturbar a vida: as companhias que logo o arrastaram para o caminho do vício.

Reinava então muita corrupção na sua terra e o coração juvenil de Franco não soube resistir aos maus exemplos e caiu nas suas malhas. Entregou-se a toda a espécie de pecados, sobretudo ao jogo. Depois fez-se militar e continuou a levar vida dissoluta e escandalosa. Estava cumprida a visão da mãe Celedônia, que tivera antes de o dar à luz. Era um monstro. Mas quando chegaria a ser o formoso mancebo?

Certo dia, dizem que chegou à loucura de, num arrebatamento de ira, não tendo mais para jogar, só lhe restava o próprio corpo. Então, terá proferido esta horrível blasfêmia: "Jogo os meus olhos porque não acredito naquele que mos deu!" Nesse momento ficou cego. Seus pais já tinham morrido. Pelo menos não tiveram o desgosto de ver o filho naqueles maus caminhos. As más companhias foram a causa principal de tanta desgraça. Por isso, quando se arrepender e converter num admirável penitente e fervoroso peregrino, dirá a quantos jovens encontrar nos seus caminhos a desgraça que lhe adveio das más companhias. E dir-Ihes-á como deverão trabalhar com todas as forças para selecionar bons amigos e guardá-los como o maior tesouro, como nos diz a Palavra de Deus. Falava por experiência própria.

Quando acabava de pronunciar as últimas palavras da sua blasfêmia e se viu completamente cego, entrou em si e compreendeu a sua desgraça. Por isso, exclamou: "Estou cego; Deus castigou-me. Bem o mereço". Era a hora da graça. Aí esperava o Senhor. A vida de Franco deu uma volta de 180 graus. Daqui em diante, mortificará tão duramente o seu frágil corpo que virá a ser chamado "Franco, o penitente" - "O filho da graça" - O advogado dos olhos". - "O grande taumaturgo".

Nesses tempos era costume fazer grandes peregrinações de penitência a lugares santos. Entre estes contavam-se como os mais venerados Roma, a Terra Santa e São Tiago de Compostela. A este último santuário se dirigiu o nosso convertido Franco, carregado de cadeias e pedindo perdão a quantos encontrava pelo caminho, dando a conhecer os seus muitos pecados para ser desprezado por toda a gente. Estando em São Tiago, recebeu a graça da cura da cegueira e o desejo de se retirar para a solidão e vida de penitência.

Tendo voltado a Sena, assim o fez. Um dia estando na mais alta contemplação, apareceu-lhe a Virgem Maria com o hábito de carmelita e disse-lhe: "Franco, meu filho, quero que quanto antes vistas o hábito da Ordem dos carmelitas e vivas daqui em diante ao meu serviço, pois tenho-te preparada no céu uma grande coroa".

Assim o fez. Levou uma vida de humildade, caridade, oração e mortificação. Realizou muitos prodígios e expirou santamente, sendo admirado por toda a cidade de Sena, a que tanto tinha edificado com a santidade da sua vida, cerca do ano de 1291.