15 Set 2014
Nossa Senhora das Dores
Imagem do santo do dia

A imagem da Virgem Dolorosa - Virgem da Soledade - e a imagem de Maria com o seu filho morto no regaço - A Piedade ou La Pietá - pode dizer-se que não faltam em nenhuma igreja. É a devoção preferida de todas as mães, que deram à luz os seus filhos com dor e tiveram que sofrer tanto por eles, por diversos motivos e com tanta frequência. Que maravilha são as Virgens Dolorosas nas procissões da Semana Santa!

Dizia um bom observador que a Pietá de Miguel Angelo não o tinha impressionado enquanto não viu uma mulher com os ossos e a mochila do filho em seu regaço, sete meses depois de o ter perdido na montanha.

O Anjo tinha dito a Maria que Ela era a bendita entre todas as mulheres, e, apenas nascido Jesus, já o velho Simeão a chamava Mãe das Dores, já lhe anunciava que uma espada Lhe atravessaria o coração. Um dos castigos do pecado original era que a mulher daria à luz os filhos no meio de dores, e agora Simeão dizia-lhe que Ela, que estava livre do pecado original, não nos daria à luz sem dores, unida à cruz de Jesus.

Se Ele devia ser o Homem das dores, Ela seria a Mãe das dores. Uma Senhora sem sofrimentos, junto de um Cristo sofredor, diz Fulton Sheen, seria uma Senhora sem amor. Cristo amou-nos tanto que quis morrer para expiar a nossa culpa e quis que sua Mãe sofresse com Ele.

« Foi cruel Simeão com Aquela jovenzita. Porquê antecipar a dor? Porquê não a deixar gozar das alegrias do nascimento? Porquê esta crueldade desnecessária? Porquê multiplicar-lhe a tristeza, antecipando-lha?» (Martin Descalzo).

Desde que Maria ouviu Simeão, nunca mais levantaria as mãozinhas do Menino, sem ver nelas uma sombra dos cravos. Simeão retirou o véu que ocultava o futuro e fez que a aguda espada da dor brilhasse diante dos olhos de Maria. Cada pulsação que observava nos punhos do seu querido filho, seria para ela como que o eco de uma martelada iminente. Ainda mal lançada ao mar do mundo aquela jovem vida, já Simeão, velho marinheiro, falava de naufrágios. Foi muito longa a ferida aberta pela espada.

A alegria do nascimento, os pastores, os Magos, passaram, velozes, e chegou a amargura do desterro. Depois das alegrias da meninice, vieram as palavras misteriosas de Jesus no Templo. Junto à amável vida de família, vemos a chamada «noite de Nazaré», noite que durou muitos anos. Jesus continua na oficina, Maria espera na obscuridade da fé.

Por fim sai a pregar. Seguem-nO as multidões, faz milagres. Mas querem lançá-lo do precipício abaixo, em Nazaré - igreja de Nossa Senhora - e os sábios e sumos sacerdotes desprezam-no. E chega a Paixão. Maria não aparece no Domingo de Ramos, mas não falta no encontro da Rua da Amargura. E menos ainda podia faltar no calvário, junto da cruz de Jesus.

Ali está a Mãe das Dores, sofrendo com o Filho. Agora repete o Sim que um dia pronunciou. Então custou-Lhe pouco, agora custa-Lhe muito. Repete-o com uma profunda dor. «Olhai se há dor semelhante à minha dor». Mas repete-o com firmeza, de pé. É a Rainha dos Mártires, a grande sacerdotisa da humanidade. Oferece o Filho e oferece-se a si mesma.

Jesus é colocado nos braços de sua Mãe. Maria deve ter-se recordado de Belém. Mas tudo tinha mudado. Agora está morto e desfigurado. Quando Jesus foi sepultado, a solidão da Virgem foi ainda maior. «Outra vez, como em Belém, o teu manto Lhe serve de berço e sobre ele teu amor voltava às primeiras angústias... Senhora, quem me dera chorar contigo!» (Peman).

Oração à Nossa Senhora das Dores

Ó Mãe das Dores. Rainha dos mártires, que tanto chorastes vosso Filho, morto para me salvar, alcançai-me uma verdadeira contrição dos meus pecados e uma sincera mudança de vida.

Mãe pela dor que experimentastes quando vosso divino Filho, no meio de tantos tormentos, inclinando a cabeça expirou à vossa vista sobre a cruz, eu vos suplico que me alcanceis uma boa morte. Por piedade, ó advogada dos pecadores, não deixeis de amparar a minha alma na aflição e no combate da terrível passagem desta vida a eternidade.

E, como é possível que, neste momento, a palavra e a voz me faltem para pronunciar o vosso nome e o de Jesus, rogo-vos, desde já, a vós e a vosso divino Filho, que me socorrais nessa hora extrema e assim direi: Jesus e Maria, entrego-Vos a minha alma.

Amém.