09 Fev 2016
Santa Apolônia, virgem e mártir (Séc III)
Imagem do santo do dia

Os primeiros séculos do cristianismo foram muito duros e era necessária uma fortaleza sobrenatural para se poder sair airosamente daquelas perseguições tão cruéis.

Em tempos do imperador Décio, na cidade de Alexandria, desencadeou-se uma terrível perseguição, contra os cristãos. Parece que foi por obra de um adivinho ou mago que a si próprio dava o nome de Divino, e que conseguiu acusar diante do governador os cristãos de crimes horrendos, como se eles fossem os autores de todo o mal que acontecia na cidade.

São Dionísio, que então era Bispo daquela cidade, refere como o governador se deixou enganar por aqueie astuto adivinho e, como aqueles homens eram propensos a acreditar em toda a espécie de adivinhos e prontos a atacar quem quer que se opusesse às suas crenças, desencadeou-se uma terrível perseguição contra os cristãos. Escreve o Santo: "Amotinaram-se contra nós para dar crédito àquele ímpio e cometeram os maiores excessos de crueldade e de furor. Persuadiram-se de que não havia modo mais fiel e generoso de honrar os seus deuses do que ser cruéis contra os cristãos, até sacrificá-los em honra dos seus falsos deuses...

Entre estas vítimas das quais não podiam conseguir que sacrificassem aos falsos deuses, deram com uma virgem venerável, já de idade, chamada Apolônia, adornada, dizem os antigos biógrafos, "das virtudes da castidade, austeridade, piedade, caridade e limpidez de coração". Esta santa mulher era exemplo para toda a cidade de Alexandria, pois ninguém conseguia ver nada de menos bom nela, mas só virtudes em grande número.

Apesar disso, numa das rusgas que de vez em quando faziam aqueles fanáticos perseguidores da religião cristã, prenderam também a virtuosa e velha Apolônia e levaram-na aos tribunais. Confiavam eles que a fariam fraquejar na fé, visto que não tinha ninguém que a defendesse, a não ser a sua fortaleza de espírito e a graça do Senhor. Nisso confiava Apolônia e não foi defraudada.

Perante as falsas e caluniosas acusações, Apolônia defendeu-se com grande fortaleza e com tais argumentos que nenhum dos acusadores conseguia responder-lhe, pois sabiam que tudo quanto afirmava era certo. Como única resposta, um dos presentes pegou num ferro muito grande e com ele deu um forte golpe na boca de Apolônia, partindo-lhe de imediato todos os dentes. Não contentes com isso, acenderam uma grande fogueira e disseram que era para ela, se não dissesse as palavras que eles lhe iam ditar. Tratava-se dum chorrilho de blasfêmias contra Deus, a Virgem e tudo o que é santo na nossa fé. Como única resposta, a valente Apolônia soltou-se dos esbirros e correu a lançar-se ela mesma fogueira. Não temia as chamas. A força de Deus acompanhava-á.

Os próprios verdugos ficaram atônitos diante deste ato de coragem daquela mulher idosa. É que não sabiam que mais do que o fogo que queima os corpos, ardia dentro dela um outro fogo, o do Espírito Santo, que era o que lhe dava a fortaleza necessária para confundir aqueles satânicos perseguidores.

Depois da fogueira, ao verem que ela safa ilesa daquelas provas e cada vez mais fortalecida e rejuvenescida, aplicaram-lhe muitos outros tormentos. Saiu ilesa de todos pela graça e proteção do Senhor.

O exemplo desta varonil e santa mulher serviu para ajudar numerosos cristãos a viver a sua fé, muitos dos quais a seguiram até derramarem o sangue por Cristo.

Os pagãos viam que os objetivos que se tinham proposto caíam por terra pela valentia heroica e incrível desta mulher e acabaram por lhe cortar a cabeça.

Assim a gloriosa virgem Santa Apolônia subiu ao encontro do esposo celestial que a aguardava no paraíso, para lhe dar o prêmio da sua constância e fortaleza.