08 Fev 2016
São Jerônimo Emiliano, presbítero (+1537)
Imagem do santo do dia

Encontramo-nos perante um desses colossos de caridade e de amor para com os irmãos. Nasceu numa família veneziana de velhas tradições, os Miani ou Emiliani. Seu pai era um famoso militar e senador. Nasceu em 1481, em Veneza e os pais chamavam-se Angiolo e Diomira.

Quase não teve tempo de se formar, pois, aos 15 anos, foi armado cavaleiro e teve de defender a pátria contra os franceses. Umas vezes foi vencedor e outras vencido. Ossos do ofício...

Os ensinamentos cristãos que sua boa mãe lhe inculcou na alma nunca os esqueceu, mas a vida militar seduziu-o desde muito cedo e deixou-se desencaminhar, como tantos outros companheiros de armas, entregando-se a uma vida que muito pouco tinha a ver com os sãos princípios que a mãe lhe ensinara. O céu tinha-o dotado com muitas qualidades: simpatia, bondade, cavalheirismo, e, por isso, arrastava atrás de si muitos amigos. Tinha um defeito que muito lhe custou a arrancar do coração durante toda a vida: era a ira, a cólera, o gênio violento que em tantas ocasiões o atraiçoava... Os maus amigos conduziram-no por maus caminhos.

A mãe e os irmãos pediam-lhe que abandonasse aquelas companhias e que entrasse pelas sendas do bem... Mas ele não estava disposto a ouvir a voz dos homens. Teve que ser Deus a vir em sua ajuda, através duma derrota militar.

Jerônimo foi encarregado de defender a praça forte de Castelnuovo, perto de Treviso mas, por fim, foi derrotado e feito prisioneiro, não obstante o seu arrojo e valentia. Durante o tempo de cativeiro, teve tempo suficiente para pensar em Deus, em tudo o que tinha aprendido desde criança, na vida depois da morte, e ainda no que seria a plenitude da sua vida futura: os pobres. Para ter a certeza da sua mudança de vida e de que aquelas luzes que recebia do Senhor não eram meras alucinações, mas graças do alto, recorreu com filial confiança à Virgem Maria, recordando a consagração a Ela que a mãe fizera na sua infância. Na prisão chorou os seus pecados e rezou a Maria: "Mãe, pede perdão ao teu Filho de todos os meus pecados, e concede-me a graça de me mostrar o caminho que devo seguir para lhe ser fiel a Ele e a Ti"... Ainda não tinha acabado esta oração quando lhe aparece a Santíssima Virgem Maria entre grande resplendor, e consolando-o, abençoou-o, desprendeu-lhe as cadeias com que estava preso e deu-lhe as chaves do cárcere, para que se fosse embora e se dirigisse para onde Ela lhe indicaria...

Dirigiu-se para Veneza e entregou-se ao cuidado dos órfãos, atendendo a quantos necessitados encontrava. Percorreu várias comarcas da Itália: Somasca, Bérgarno, Bréscia, Venéia, Verona... sempre procurando imitar o Divino Samaritano. Para continuar a sua obra, fundou os Clérigos Regulares Somascos ou Servos dos Pobres, que foram aprovados depois pelo Papa Paulo III e elevados à categoria de Ordem Religiosa pelo Papa São Pio V em 1567.

A vida de São Jerônimo Emiliano foi totalmente dedicada ao serviço dos mais pobres e necessitados. Todos encontram nele a ajuda de que carecem: os órfãos, as viúvas, os abandonados, os encarcerados. Para todos é como um verdadeiro pai.

O tempo que lhe fica livre dedica-o à pregação e a avivar o amor a Jesus e Maria em quantos o seguem e escutam. O Senhor obrava prodígios por seu intermédio. Espalha-se o rumor de que cura enfermos, multiplica alimentos, evita catástrofes... Todos acodem a ele em busca de ajuda e proteção. Jerônimo encaminha-os para o sacrário e para o altar de Maria...

Cheio de méritos, parte para a eternidade aos 56 anos, em 1537. O seu culto foi aprovado em 1767 pelo Papa Clemente XIII.