03 Mar 2015
Santos Emetério e Celedônio, mártires (Ca 298)
Imagem do santo do dia

Os Santos Emetério e Celedônio são a honra e glória mais insigne que Calahorra tem. Não existem muitos dados exatos sobre a sua vida, pois, como diz o historiador Eusébio, e o poeta cristão Prudêncio confirma, Diocleciano mandou destruir as Atas dos Mártires, para que não restasse nenhuma recordação da sua historicidade e do seu exemplo para os cristãos.

Não se sabe ao certo onde nasceram nem como cresceram na fé de Cristo. Bem poderia ter sido na própria Calahorra, pois aí se recrutavam soldados para o Império. Suetónio confirma-o quando escreve que o próprio Augusto tinha escolhido naturais de Calahorra para a sua guarda pessoal.

Soldados foram-no com toda a certeza. Escreve Prudêncio: "Os soldados que Cristo quis para si, não tinham antes levado vida desconhecedora do trabalho duro. O valor na guerra e nas armas combate agora em pugnas sagradas. As bandeiras do César elegem agora a insígnia da cruz e, em vez das clâmides enfatuadas dos dragões com que se vestiam, levam à sua frente o sinal sagrado que desfez a cabeça do dragão".

Mas, se não se conhece exatamente o lugar do nascimento, conhecemos de certo dados da sua vida, e sobretudo do seu martírio, tão belamente cantado por Aurélio Prudêncio no seu primeiro hino das Coroas dos Mártires. No próprio batistério da catedral de Calahorra existe um dístico de Prudêncio que diz: "Aqui dois varões, pelo nome do Senhor, sofreram martírio sangrento, numa morte gloriosa".

"Sucedeu então, prossegue o poeta, que o cruel imperador do mundo ordenou que todos os cristãos se aproximassem dos altares para sacrificar aos negros ídolos e deixassem a Cristo". Tinham pois diante de si duas opções: ou a apostasia ou abandonar o exército. Os nossos santos não hesitaram.

Seguiriam, como era costume, os interrogatórios dos juízes, com as suas insidiosas promessas de presentes e altos benefícios e cargos honrosos para conseguir a apostasia, e se não o conseguiam, ameçavam-nos com cruéis sofrimentos, torturas e o martírio. "Doce coisa parece aos Santos serem queimados vivos, doce o ser atravessados pela lança".

Prudêncio põe na boca dos Santos belas reflexões: "Porventura temos de ser entregues ao demônio, nós que fomos criados para Cristo, e levando a imagem de Deus temos de servir ao mundo? Não, a alma celestial não pode misturar-se com as trevas. Já é tempo de dar a Deus o que é próprio de Deus", exclamam em coro, fazendo alusão à vida que tinham levado antes na milícia, ao serviço de César.

Então choveram sobre eles mil tormentos, o desvairado tirano manda prender-lhes com ligaduras ambas as mãos, e uma corrente cinge os pescoços ensangüentados dos mártires de Cristo.

Animam-se com anelos ardentes de estar com Cristo: "Oh tribunos, tirai-nos os colares de ouro, prêmios de graves feridas. Já nos solicitam as gloriosas condecorações dos anjos. Aí Cristo dirige as alvíssimas coortes e, reinando do seu alto trono, condena os infames deuses e a vós também, que tendes como tais os monstros mais grotescos."

O verdugo, irado, levanta o braço criminoso para os sacrificar com a espada. Aterra, onde hoje está a catedral, tinge-se de sangue e as almas de Emetério e Celedónio "voaram como dois presentes enviados ao céu e indicaram com os seus fulgores que tinham aberto o caminho da glória". Assim narra Prudêncio a sua gloriosa morte.