02 Set 2015
Beato Marcelo Spinola, bispo (+1906)
Imagem do santo do dia

Nasceu em São Fernando, Cádiz. Estudou filosofia e direito. Exerceu a advocacia em Huelva, onde era chamado o advogado dos pobres. A ele acodem sobretudo os mais necessitados. Defende-os e não lhes leva nada.

Ordenado sacerdote em Sevilha, desenvolve um admirável trabalho pastoral na catequese, na visita aos doentes, no confessionário, na pregação. Cria escolas para crianças pobres, atende a comunidades religiosas.

Bispo auxiliar de Sevilha, ocupa depois as sedes de Coria, Nlálaga e Sevilha. Impressionam o total esquecimento de si mesmo, o seu trabalho e oração, as suas virtudes. Atenção especial dedica à formação dos sacerdotes.

O bispo Spínola foi um dos pioneiros na ação social. Publicou pastorais arriscadas, com afirmações atrevidas, que escandalizariam a muitos, a favor dos operários. Criou escolas para aprendizes operários, frequentou bairros, visitou cadeias e hospitais, abriu o seu palácio aos necessitados. Na Eucaristia e no Coração de Jesus encontrava energias. Visitava a igreja onde se fazia a exposição das quarenta horas, todos os dias.

O seu amor aos pobres era proverbial. Em 1905, já idoso, D. Marcelo sai para a rua, apesar do calor sufocante dos 50 graus sevilhanos, para pedir esmola para os pobres, vítimas de terrível seca. Todos se admiraram: o antigo aristocrata a mendigar! É "o arcebispo mendigo".

Convencido de que a educação da juventude era o ponto chave para a transformação da sociedade - como os seus contemporâneos, Beatos Sol e Ossó - funda a congregação das Escravas do Divino Coração, com a Madre Célia Mendez, hoje estendidas por Espanha, América, Japão, Itália, Portugal e Filipinas.

A glória de Deus é a sua obsessão, e o seu lema: a santidade ou a morte. «Quero, escrevia, a santidade ou a morte, para você e para mim, pois se não damos glória a Deus nosso Pai do Céu, para que queremos a vida?».

Outro campo do seu apostolado foi a sua grande atividade literária: livros, conferências, pastorais, numerosa correspondência. Impulsionou, além disso, a fundação de "O Correio de Andaluzia".

Uma constante da sua vida foi a sua "incondicional adesão ao Vigário de Cristo". Num momento político difícil e Espanha, manteve-se independente, apesar de certos receios, por exemplo, da própria Rainha.

As cruzes vieram-lhe também da própria lgreja que são as mais dolorosas. Isto até motivou um certo atraso no seu processo de beatificação. Mas constituiu também uma prova da sua humildade heróica. E foi assim:

O cardeal Sancha, arcebispo de Toledo, publicou uma pastoral, onde pedia ao clero submissão aos poderes constituídos do Estado. O decano de Sevilha replicou-lhe, com aprovação de Spínola, acusando-o de integrismo. Houve polémica. A Santa Sé inclinou-se por Sancha.

A conduta de Spínola foi exemplaríssima. Publicou a Carta de Leão XIII a Sancha, aceitando-a de coração: «Vossos filhos inclinam-se diante da vossa palavra». Proposto para cardeal em 1897, não o foi até Dezembro de 1905, um mês antes de morrer. Em silêncio e paz, aceitou as provações.

Mais ainda. Sancha foi a Carmona, e Spínola visitou-o e acolheu-o no arcebispado. O seminário homenageou-o. Deste modo «vingou-se» Spínola. «Sevilhanos, disse-lhes Sancha, tendes um arcebispo santo; vê-lo-eis nos altares». Sancha voltou a Sevilha e Spínola ofereceu-lhe a presidência na cerimônia da Coroação da Virgem dos Reis. Humilde caridade de Spínola.

Spínola morreu em 1906. João Paulo II beatificou-o a 29 de Março de 1987, juntamente com o Beato Mosén Sol e as três mártires de Guadalajara.

Oração ao Beato Marcelo Spinola

Senhor que pela intercessão do Beato Marcelo Spinola eu possa sempre querer somente a ti como meu Senhor e Salvador e que pela morte do seu filho eu possa sempre estar protegido de todo mal. Amem