02 Abr 2015
São Francisco de Paula, eremita (+1507)
Imagem do santo do dia

Nápoles tem sido fecunda em Santos. No princípio do século XV, vivia no pequeno povoado de Paula o casal Tiago e Viena. Eram bons e pobres, mas com muita pena de não terem filhos. Por fim, depois de muita espera e muita súplica ao céu, chegou com grande alvoroço, o primogênito, a quem, em agradecimento a São Francisco de Assis, puseram o mesmo nome. O menino era bom, e crescia à imitação de Jesus, em ciência, idade e graça... até que lhe apareceu uma terrível enfermidade que pôs em perigo a sua vida. Seus pais fizeram uma promessa: levá-lo ao próximo convento de Cordeleros, em São Marcos Argentano, e que aí faria vida, durante um ano, igual à dos religiosos... E assim foi. Aos treze anos vestiu o hábito do Patriarca de Assis e passou um ano celestial entre aqueles bons religiosos. Em breve, pelas suas muitas virtudes, granjeou a admiração de todos. Chamava a atenção a sua grande piedade, a sua vida de intimidade com o Senhor, em cuja presença passava longas horas entregue à oração. Pela sua duríssima penitência, pelo seu serviço e caridade, parece que apenas vivia para fazer os outros felizes. Mas aquele céu para ele, e aqueIe maravilhoso exemplo para os religiosos ia acabar em breve, porque os pais, uma vez cumprido o voto, quiseram que voltasse para casa, para o terem ao seu lado.

Em companhia deles, fez algumas peregrinações a diversos lugares santificados pela presença de almas santas. Aquela que mais fundo calou em seu coração foi a que fez ao Monte Cassino, onde ainda estão bem marcadas as pegadas daquele jovem que, apenas com catorze anos, se retirou para a solidão. Francisco sentia ânsias irresistíveis de poder imitá-lo. Também ele amava a solidão como meio para se poder entregar ao Senhor, sem o embaraço dos afagos do mundo. Pediu licença a seus pais, e, aos catorze anos, retirou-se para uma gruta não distante de Paula. Aí se entregou à mais dura penitência e a uma oração quase ininterrupta. Quase ninguém sabia onde se encontrava... Mas, aos dezenove anos, dois companheiros vieram pedir-lhe que os aceitasse na sua companhia, e não o pôde impedir. Logo correu a fama da sua vida e dos fatos milagrosos que lhe eram atribuídos.

Quase sem se dar conta, multiplicaram-se os discípulos que queriam seguir as suas pisadas, imitar a sua vida. Os milagres fazem que acuda em tropel muita gente que vem solicitar a ajuda do céu. Humilha-se e aniquila-se dizendo que nada é, não ser pecado e miséria. Constrói um mosteiro, e mais outro e outro... até que o chamam da Sicília. Tem de embarcar, mas não dispõe de meios para pagar o transporte. Que fazer? Lança o manto pardo sobre as ondas e põe-se sobre ele e, fazendo de vela, atravessa o estreito perante o assombro da multidão que o contempla.

O Papa Sisto IV aprova a sua Ordem com o nome de Ermitães da Calábria, e nomeia Francisco de Paula superior geral perpétuo por uma Bula de 23 de Maio de 1474. A sua fama estende-se por todo o lado. Mas não lhe faltam detratores, como era de esperar. Ele faz milagres e cura, e os médicos acusam-no. Ele, que não tem estudos, sabe e entende mais de teologia e de política que os mais exímíos especialistas e... a inveja e a calúnia não lhe dão sossego. Mas não importa... O próprio rei de França, Luís Xl, está gravemente enfermo e pede que esse famoso realizador de milagres acuda ao seu leito e o cure. O Santo diz-lhe corajosamente: "Majestade, pedirei a Deus a vossa saúde, mas o que mais importa é a saúde da alma. Não há remédio possível entre as medicinas; mas já que tanto amais a vida, o que mais importa é assegurar a posse da verdadeira Vida". Morre o rei, mas pede-lhe que se encarregue da direção espiritual de Carlos VIII. O lema do nosso Santo foi este: "Glória a Deus e Caridade para com o próximo!" Durante toda a sua vida procurou cumpri-los com a mais completa fidelidade.

Cheio de méritos e vendo já a sua obra consolidada, a 2 de Abril de 1507, Sexta-feira Santa, expirava. Pouco depois, o Papa Leão X canonizava-o em 1519.