02 Mar 2015
Santo Henrique Suso, religioso (+1366)
Imagem do santo do dia

Henrique Suso é um dos principais representantes do movimento místico que floresceu nas margens do Reno, cerca de mil e quatrocentos, quando João XXII e Luís da Baviera lutavam pelo predomínio entre o Papado e o Império, na famosa Questão das Investiduras.

Houve diversas tentativas de reforma na Igreja, algumas das quais degeneraram em heresias, como por exemplo alguns dos "espirituais" franciscanos. Outros conservavam o equilíbrio conveniente e produziram ótimos frutos no povo cristão, como alguns membros da Ordem Dominicana.

O mestre deste grupo foi o venerável Eckart. Este dominicano Eckart era uma alma mística de intuições extraordinárias. As suas expressões nem sempre eram exatas, o que se prestou a mal entendidos e à censura da Igreja. Os seus discípulos Taulero e Suso, também dominicanos, aprenderam muito com o mestre, mas foram mais cautelosos nas suas formulações. Junto com Taulero e Suso podíamos contar também o Beato Ruysbroek.

Henrique Suso nasceu na Suábia, na cidade de Constança, junto do belo lago do mesmo nome, aí por 1296. Aos treze anos, entrou no convento dominicano de Constança. No Horologium fala da sua conversão aos 18 anos, e, desde aí, consagrou-se a uma vida de estudo, oração e grande austeridade.

Estudou com Eckart em Colónia. Escreveu o Livro da Verdade. Alguns descobrem suspeitas nesse livro e Henrique sofre perseguições. Unido aos "amigos de Deus", distingue-se pela sua vida fervorosa. A sua graça especial: esteve na direção das Irmãs Dominicanas, entre as quais se destaca Elsbert Stagel.

Escreveu também o Livro da Sabedoria Eterna, com cem considerações e orações para se recitarem todos os dias. E ainda as Meditações sobre a Agonia de Cristo e Solilóquio com a Virgem Maria.

Passou os últimos anos em Ulm. Aí continuou o seu apostolado de direção das almas, e fez a revisão dos seus escritos. UIm tem a torre da igreja mais alta do mundo, com 161 metros de altura. Mas a alma de Suso voou ainda mais alto. Voou até onde pôde alcançar a caça. No ano de 1366 foi receber o prêmio junto de Deus.

Foi-se silenciosamente, sem ninguém poder recolher as suas últimas palavras nem o seu último olhar. O Papa Gregório XVI declarou-o Beato em 1831.

Conta-nos ele numa das suas cartas que um dia em que tinha tido muito que sofrer por penas interiores e por desprezos e humilhações, viu da sua janela um cão que brincava no pátio com um trapo. Mordia-o, molhava-o com saliva, arrastava-o, rasgava-o. Assim deves tu fazer, disse para consigo, quer te atirem alto quer te deitem ao chão. Mesmo que te cuspam, deves acéitá-Io alegremente, sem protestar, como o trapo, se ele tivesse consciencia... - Ao ler isto, quem não verá uma clara influência da mística de Suso na "História duma Alma" de Teresa de Lisieux?

Na escola mística renana, Suso representa a ala de maior suavidade e doçura. Este podia ser o seu itinerário místico, segundo D. Baldomero Ximénez Duque: primeiro, a conversão ou convite à vida perfeita. Depois, a sabedoria divina, encarnada em Jesus Cristo. Um dia até gravará no peito, externamente, o nome de Jesus. Acontecem então estados infusos de elevação e muito frequentes êxtases.

Mas a união mística exige purificações. Suso padeceu intensamente essas provas de amor. Provas internas e externas. Foi uma alma crucificada. Ele "suportou" a Deus, segundo a sua própria expressão, entre lágrimas e sorrisos, entregue para sempre à sua misericórdia e ao seu amor.