29 Mar 2015
A Juventude de Maria

Maria desposou-se, ou melhor, deu o seu consentimento aos esponsais que o seu tutor lhe propunha, mas uma ìntima convicção dizia-lhe, ao mesmo tempo, que as coisas seguiriam por um caminho diferente.

Num estado em que, ao mesmo tempo, ela sabe e não sabe, nesta expectativa que não pode definir, ela vive para Deus, na confiança. É a atitude a que eu chamaria propriamente mariana: a perseverança perante o incompreensível, pelo recurso a Deus. Quando, finalmente, o Anjo trouxer a mensagem Maria deve tornar-se Mãe pelo poder do Espírito de Deus, dirá do fundo da sua alma: era isso mesmo!

Nesta perspectiva esclarecer-se-ia igualmente, de uma maneira simples e natural, o que se deve ter passado entre Maria e José. Como o mostra o texto, ela não lhe podia dizer absolutamente nada (Mt 1, 18ss). Ela não teria sido capaz de exprimir o mais íntimo do seu coração e ele não a teria podido compreender; porque os valores e atitudes em causa, bem como as palavras que teriam podido exprimi-los, não existiam ainda. Maria abandonou ao mistério a sua promessa de fidelidade. Era essa precisamente a forma específica da sua fé; Maria era a Porta Santa do Futuro.

Romano Guardini, La Mère du Seigneur