Maria estava já cheia de graça ao ser saudada pelo arcanjo Gabriel, mas recebeu uma plenitude superabundante de graça quando o Espírito Santo a revestiu com sua inefável sombra. De tal modo essa dupla plenitude foi aumentando, dia a dia, momento a momento, que a sua alma atingiu um grau de graça imenso e inconcebível. Por isso o Altíssimo constituiu-a única tesoureira dos seus tesouros e única despenseira das suas graças, para enobrexer, elevar e enriquecer a quem lhe aprouver; para fazer entrar no caminho estreito do céu quem entender; para fazer passar, apesar de tudo, quem quiser, pela porta estreita da vid, e para dar, a quem entender, o trono, o ceptro e a coroa de rei. Jesus é, em toda a parte e sempre, o fruto e o filho de Maria; e Maria é, em toda a parte, a verdadeira árvore que dá o fruto da vida, e a verdadeira Mãe que o produz.
S. Luís Maria de Montfort, Tratado da Verdadeira Devoção.